Nunca houve governo que atuasse tão contra os direitos das mulheres no Brasil. “Bolsonaro definiu que as trabalhadoras, as mulheres –e as mulheres negras em especial– são os seus inimigos prioritários”. A afirmação é da socióloga Eleonora Menicucci ao TUTAMÉIA. Ministra de políticas para as mulheres no governo Dilma, ela classifica o atual governo como um “esquartejador de direitos, negacionista, fundamentalista, fascista e machista”.

Nesta entrevista (acompanhe no vídeo acima e se inscreva no TUTAMÉIA TV), ela descreve o aumento da violência contra mulher, os casos crescentes de feminicídio e a superexploração do trabalho feminino –tudo ficou mais agudo com o desmonte das políticas públicas e a pandemia. Na sua visão, a recuperação de direitos e a melhoria da situação da mulher só encontrarão algum caminho com a derrubada deste governo.

“A questão só se resolve com o Fora Bolsonaro. Tem que derrubar esse governo genocida”, declara.

Eleonora também comenta as posições reacionárias desse governo em questões de direitos humanos e das mulheres. Insere essas posturas no quadro do neoliberalismo. “Interessa para o neoliberalismo que o trabalho doméstico em casa seja gratuito, porque a mais valia que sai daí vai para o capital de forma indireta”.

Para ela, Damares exerce um papel central na administração bolsonarista: “Ela é de ultradireita, fundamentalista; ela é a bússola fundamentalista desse governo. Ela está lá para dar a direção teocrática para o governo”.

Professora de saúde pública da Unifesp, Menicucci analisa a questão do aborto e a recente decisão argentina de legalizar a prática.

“O aborto é a quarta causa de mortalidade materna e a quinta causa de internação no SUS. É uma questão de direitos humanos das mulheres. Nem eu quando fui ministra consegui avançar nesse aspecto. Há uma pressão grande do Congresso, que é muito reacionário. Vivemos numa sociedade hipócrita, que se nega a discutir. Precisamos falar nisso, desbloquear, falar sobre direitos sexuais e reprodutivos”.