Texto de Frei Sérgio Antônio Görgen

 

A sociedade atual é uma sociedade em crise. A grande crise é a crise do sistema capitalista. Mas se revela em múltiplas crises.

Crise ambiental: esta crise se manifesta no aquecimento global e na crise do clima, que impacta na disponibilidade de água e na produção de alimentos; no esgotamento e na apropriação privada dos bens comuns da natureza, que já não se reconstituem na velocidade em que são consumidos; no excesso de lixo produzido pelo consumismo; no uso das fontes fósseis de energia e no consumo insustentável de energia; esgotamento dos solos agrícolas e destruição das matas; e tantos outros problemas de magnitude global provocados pela crise ambiental.

Crise alimentar: revela-se também em várias facetas. Escassez de alimentos. Alimentos envenenados e dependência de agrotóxicos. Baixa qualidade nutricional. Fome de um lado e obesidade de outro. Aumento de doenças causadas por má alimentação. Redução drástica do sistema imunológico humano por alimentação inadequada, padronizada, ultra processada, baixa diversidade, contaminada por agrotóxicos, anabolizantes, transgênicos e antibióticos. Esgotamento dos recursos tecnológicos do agronegócio e baixa flexibilidade técnica.

Crise sanitária: a pandemia do coronavírus é mais uma manifestação de uma crise que vem se manifestando faz tempo, quando o câncer, as alergias, as doenças ósseas, as doenças do sistema digestivo e as depressões, com forte influência de agrotóxicos que atuam no sistema nervoso central, já fazem parte do quotidiano do campo e das cidades interioranas dependentes do agronegócio.

As formas camponesas de produzir e viver trazem respostas muito mais convincentes e adequadas para que o conjunto da sociedade enfrente estas três crises do que o agronegócio e o latifúndio com sua maximização do lucro a qualquer custo, sua dependência da indústria química, sua petrodependência, sua necessidade de expansão territorial permanente avançando sobre florestas e mananciais de água, sua dependência do capital financeiro, seu sistema de monocultivos.

Agroecologia responde à crise ambiental.

Produção de alimentos variados em alta escala responde à crise alimentar.

Alimentação saudável e plantas de aptidão medicinal respondem à crise sanitária, pois reforça os fatores indutores de boa saúde física e mental.

Para o bem do conjunto da sociedade a Reforma Agrária e a Agricultura Camponesa são respostas efetivas às crises ambiental, alimentar e sanitária.