“O que estamos propondo aqui, eu e o Lula, é um movimento que deve tomar conta do Brasil, com todas as pessoas sãs, que tiverem consciência do que tem que ser mudado. Para fazermos um governo de transição para a democracia, para o desenvolvimento, para a soberania, para a restituição da dignidade do trabalho no país e em defesa das nossas empresas, que estão sendo liquidadas em favor de multinacionais”.

Palavras de Roberto Requião ao TUTAMÉIA, no dia seguinte ao do anúncio de sua filiação ao PT, visando concorrer ao governo do Paraná. Três vezes governador do Estado, ex-senador, ele diz que a indignação o leva a voltar à disputa política.

“Eles estão sacrificando o Brasil e nos tornando uma espécie de um campo de lazer do capital financeiro internacional. É escravização absoluta. É o fim da visão de nação, o fim do processo civilizatório. Essa frente que se monta agora é o enfrentamento disso”, afirma.

“Temos que mexer na autonomia do Banco Central, devolver a Petrobras para o Estado. A Petrobras era responsável por 80% dos investimentos no Brasil. Agora está cobrando um preço astronômico, está tendo lucros fantásticos e mandando dinheiro para fora. Nós estamos perdendo o domínio do território, o domínio da soberania. E à custa da escravização ou semiescravização do povo. É o fim dos direitos trabalhistas, conquistas ocidentais ao longo das últimas décadas”, declara.

Nesta entrevista, ele fala da necessidade de formulação de um programa de governo, de suas diferenças com parcelas do PT, de alianças políticas, de obstáculos políticos e da conjuntura mundial em razão da guerra na Ucrânia (acompanhe a íntegra no vídeo e se inscreva no TUTAMÉIA TV).

“A Ucrânia é peça do jogo, manipulada. Sou absolutamente contra a guerra. Qualquer guerra é criminosa, assassina e ilegal. Mas estamos vendo o questionamento do domínio absoluto do sistema globalizado proposto pelos americanos. Isso nos dá um espaço para a formulação de um projeto nacional”, diz.

Ele segue:

“O Lula, se se eleger, tem que colocar com clareza um programa de governo eficiente, ato meio, não temerário, mas não aliado a adversário para a permanência do liberalismo que está massacrando o mundo e foi um insucesso na Alemanha, na Espanha no Mercado Comum Europeu”.

Na conversa com o TUTAMÉIA, Requião alerta para a questão das alianças políticas:

“Com o crescimento do Lula nas pesquisas, todo o safado vai apoiar o Lula. E, se não tivermos um programa muito claro para diferenciar quem está com o Brasil e quem é um oportunista da política, nós teremos um Congresso tipo do centrão. O centrão não existe. O centrão não domina o Brasil. Quem domina o Brasil é o capital financeiro que compra o voto do centrão. Precisamos politizar a eleição dos deputados. Isso só será possível com um programinha”.

E quais os pontos essenciais desse programinha? Requião responde: “A volta da dignidade do trabalho, a recuperação da soberania, um projeto de desenvolvimento sustentável, um projeto de industrialização sem ferir a natureza”.

Para construir isso, é preciso organização, diz ele: “Faço um apelo: como eu entrei no PT, entrem os que acreditam que o Brasil precisa ser mudar em relação ao domínio do capital financeiro, à exploração do povo, à escravização do trabalhador”.