“O presidente se veste de patriota e tem ações completamente antipatrióticas. O governo atual é desastroso, tem feito mal ao Brasil. Apesar de seu discurso pseudopatriótico, ele está promovendo privatizações –é aí que ele agrada à classe dominante. Privatizou o controle da BR Distribuidora, privatizou gasodutos da Petrobras, tem o plano de privatização da Eletrobras, já em curso, a mesma coisa para os Correios. Ele é o antipatriota, que se fantasia de verde-amarelo e engana muita gente com isso.”

Essa é a reflexão do físico Luiz Pinguelli Rosa, falando ao TUTAMÉIA às vésperas das manifestações de Sete de Setembro. Presidente da Eletrobras no governo Lula, o professor emérito da UFRJ analisa a crise energética do país, compara a situação atual com o apagão de 2001, prevê que o país enfrente racionamento de energia no final deste ano.

Ele considera as ações de Bolsonaro preocupantes: “Tudo indica que há uma direção política nessa loucura –do presidente da República, principalmente, mas também de muitos que o seguem—e essa direção é no sentido de tumultuar as eleições. Ele já tem até uma frase, entre tantas de suas frases descabidas, em que fala que ele só sairá eleito, preso ou morto. O que significa que ele não está admitindo a derrota. Nós todos devemos nos preocupar com isso” (clique no vídeo para ver a entrevista completa e se inscreva no TUTAMÉIA TV).

Além dos ataques à democracia, o processo de privatização e desnacionalização é prejudicial para o país, não tem sentido para quem pensa no desenvolvimento nacional. Ainda mais atacando a Eletrobras num momento como o que vivemos: “A privatização da Eletrobras não vai contribuir em nada para a solução da crise hídrica que está havendo. Pelo contrário, a Eletrobras seria uma arma –e poderia ter sido usada melhor”.

Em resumo: “A privatização da Eletrobras é uma questão ideológica. É do manual que dão para eles. O presidente é um ignorante, é uma pessoa muito mal preparada. Não aproveitou bem o curso da academia das Agulhas Negras e tem decisões muito mal informadas. Não há uma lógica na privatização, a não ser transferir lucros para o setor privado e para empresas estrangeiras. É onde se desmascara a face patriótica do presidente, mostrando que as suas ações não são patrióticas; são antinacionais”.

Os resultados serão sentidos pela indústria, pela economia e pela população em geral, afirma Pinguelli: “Eu acho que na virada do ano provavelmente –a não ser que tenhamos chuvas excepcionais, e não há essa tendência—vai haver dificuldade na oferta de energia. Acho que vai haver a necessidade de um racionamento na virada do ano”.

Na entrevista, falamos também sobre o uso da energia nuclear –seus benefícios e riscos—e sobre o horário de verão, atacado pro Bolsonaro desde o primeiro momento de seu governo: “Tem um efeito moral, é mais uma medida que reduz o consumo, não é muito significativo, mas é mais uma contribuição. Acho que deveria ser usado no próximo verão”, diz o professor.