“Todo mundo está percebendo que uma nova ditadura está sendo organizada no Brasil”, afirma Adriano Diogo, que presidiu a Comissão da Verdade no Estado de São Paulo. Em entrevista ao TUTAMÉIA, o ex-deputado petista aponta: “Não é a ditadura do golpe de 1964, ela tem as características de 2019. É calcada na organização do poder judiciário de uma forma…Criou um estado de exceção, de revogação de Leis, de rasgar a Constituição…”
O pior, diz, é que essa ditadura em construção “tem um apoio impressionante da mídia, que deixa a gente assustado”. E alerta ainda: “Estamos despreparados para analisar a gravidade do momento atual”.
Destacou as irregularidades e falta de decoro, de sentimento de humanidade do presidente Jair Bolsonaro ao ofender a memória do desaparecido político Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz. Ao mesmo tempo, o presidente exalta a figura do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, que considera herói nacional.
Ustra foi um dos algozes de Diogo, que esteve preso na Operação Bandeirantes: ficou 90 dias nas câmaras de tortura da Oban, chamada de “Casa da Vovó. E denunciou que o militar não só comandava a barbárie como também participava das atrocidades e se vangloriava dos crimes que cometia.
O próprio Ustra confessou a Diogo que tinha matado o estudante da USP Alexandre Vannuchi Leme: “Acabei de mandar o Minhoca para a Vanguarda Popular Celestial. Você vai ser o próximo”, disse o então major ao então estudante de Geologia.
Numa entrevista marcada pela emoção (assista à íntegra clicando no vídeo no alto desta página), Diogo relembrou o período em que esteve preso, falou sobre companheiros torturados, mortos, desaparecidos.
Disse que é preciso continuar lutando por um país melhor, pela reconquista da democracia. conclamou todos a marcharem em defesa da educação: “Ela é fundamental. É a pedra básica de uma sociedade civilizada”. E concluiu: “A nós só resta um caminho, o da coerência, da honestidade. E estimular que as novas gerações levantem a cabeça e impeçam que haja uma nova ditadura no Brasil. Ditadura nunca mais!”
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