Uma conversa de duas horas com Almino Affonso, ministro do governo João Goulart, marca a estreia da série de entrevistas que TUTAMÉIA realiza sobre o golpe militar de 1964.

Com o mote “O que eu vi no dia do golpe”, TUTAMÉIA publica neste mês de março mais de duas dezenas de vídeos com personagens que vivenciaram aquele momento, como João Vicente Goulart, Anita Prestes, Frei Betto, Roberto Requião, Djalma Bom, Luiz Felipe de Alencastro, Ladislau Dowbor, José Genoíno, Roberto Amaral, Guilherme Estrella, Sérgio Ferro e Rose Nogueira.

Ao remoer o passado, os depoimentos trazem ensinamentos e alertas para o presente.

Na entrevista, Almino Affonso conta como foram aqueles dias na virada de março para abril sessenta anos atrás: os debates no Congresso, as traições, as ações golpistas de militares e políticos (clique no vídeo do alto da página para acompanhar a entrevista completa e se inscreva no TUTAMÉIA TV).

Na noite de primeiro de abril, na Granja do Torto, em Brasília, encontrou um Jango vestindo branco, “amarfanhado, barba por fazer”. Com Tancredo Neves, participou da elaboração da última mensagem de Goulart à nação. Na base aérea, viu o presidente embarcar num jato que se recusou a partir.

Na madrugada, no Congresso, testemunhou a abjeta ação que declarou “vaga” a presidência enquanto Jango viajava a Porto Alegre. Estava ao lado de Tancredo quando, naquele instante, ele gritou para a história: “Canalhas! Canalhas! Canalhas!”. Comemorou as “cusparadas cívicas” de que Rogê Ferreira disparou contra Auro de Moura Andrade, presidente da ignóbil sessão (anulada em 2013).

Aos 94 anos, Almino mostra como o golpe demoliu a democracia brasileira, cassando, prendendo e matando políticos, lideranças dos movimentos populares, dos sindicatos, dos estudantes. Lembra dos percalços da vida no exílio.

Lá, conviveu com Thiago de Mello e Pablo Neruda. Numa reunião de pais e mestres na escola onde seus filhos estudavam, no Chile, viu Pinochet descaradamente defender Allende três meses antes do golpe de setembro de 1973.

Na conversa com TUTAMÉIA, o ministro do trabalho de Jango declama poesias e desabafa sobre lições de sua extraordinária trajetória: “Como as folhas caem rápido. As folhagens na vida política caem mais rápido”.