Professores das escolas privadas de São Paulo estão mobilizados contra a redução de direitos conquistados há mais de 20 anos. Estão, essencialmente, combatendo os efeitos regressivos da reforma trabalhista. Mais do que reajuste salarial, o que os mestres querem é condição de trabalho. Para explicar as reivindicações da categoria e o significado do movimento em curso, TUTAMÉIA entrevista Silvia Barbara, diretora do Sindicato dos Professores de São Paulo (Sinpro-SP).
Na conversa, ela expõe os pontos de luta e muito mais: entram na pauta o próprio modelo de educação, os negócios no setor e as mudanças promovidas pelo governo golpista.
“Nossa prioridade são os direitos coletivos que regulam as relações de trabalho”, diz. Ela lembra que a tradição nos últimos anos foi a de negociação. Agora, as empresas pretendem fazer alterações no atacado, destruindo acertos de muitos anos. Para a dirigente sindical, o país vive “momentos tenebrosos em vários aspectos e um deles é essa ofensiva contra os trabalhadores. O que era direito está sendo tratado como privilégio”.


“As escolas precisam justificar para os pais por que direitos que foram sendo ajustados com o tempo, que são garantidos por mais de 20 anos agora, bem agora, num momento de ofensiva contra os trabalhadores, elas decidem tirar. E não me venham com argumentos pedagógicos”, declara.
Nesta entrevista, Barbara critica a mudança curricular no ensino médio: “É uma reforma trabalhista pedagógica”, também com o objetivo de esvaziar a lei, desregulamentar –com prejuízos ao ensino no país. No bate-papo, ela tratou ainda da privatização do ensino e do avanço de grupos estrangeiros no setor.
Barbara diz que está cada vez mais claro que “tudo que estava por trás do golpe era entregar o pais para o capital internacional e acabar com um projeto de país que, bem ou mal, estava sendo construído”.
Para ela, é preciso ter um “projeto nacional, para que o país continue rico, seja mais igualitário, com autonomia, e que consiga se colocar no sistema internacional de forma altiva, e não se subordine ao capital internacional”.