Foram quatro dias intensos de debates para os mais de setecentos participantes do primeiro encontro nacional do MAM – Movimento pela Soberania Popular na Mineração –, realizado em meados de maio em Parauapebas, no Pará.

Para nós, que estávamos lá para reportar o evento, foram quatro dias de aprendizado e de descobertas. Tivemos a oportunidade de conhecer homens e mulheres, jovens e crianças que se mobilizam na luta não só por um futuro melhor, mas por um presente de vida em condições minimamente decentes.

Muitos se destacaram em pronunciamentos nas plenárias, em discursos e depoimentos apaixonas, emocionados, emocionantes, nas reuniões de grupos.

Tentamos, naquelas tardes quentíssimas, ouvir pessoas que representassem um pouco daquelas discussões e daquela variedade de vozes e lutas.

Lidiane Mendes, de Minas, chama a atenção pela importância de dá ao trabalho de base, ao encontro com as pessoas, à conversa que vai gerar mobilização, à construção de uma cultura forjada na experiência do povo.

Também mineiro, o menino Mateus dos Santos fazia no primeiro encontro sua primeira viagem para fora dos limites de seu estado. Viajou nas asas do teatro que, com seu primo e outros amigos, aprendeu a fazer no Córrego da Água Quente, onde foi gestado o grupo teatral Revolução e Juventude.

Fica feliz com o trabalho, mas talvez seus pais fiquem ainda mais felizes, no dizer do jovem: “Minha família aprova, eles veem que eu não estou no mundo das drogas, virando bandido, estou fazendo alguma coisa que não é só para mim, é para todo mundo que é atingido [pela mineração]. A gente aprende novas lições”.

Às vezes, quem tem de dar a lição é o povo, como aconteceu em Barcarena, onde houve vazamento de barragens da Hydro Alunorte.

De lá veio dona Vera Lúcia Nascimento, que contou ao TUTAMÉIA sobre os problemas vividos pelas comunidades ribeirinhas atingida pelo veneno: “As águas do rio ficaram vermelhas”, disse.

Problema diferente é o enfrentado pela comunidade de Parauapebas, enriquecida e empobrecida por causa da mineração. A exploração de Carajás movimenta milhões, emprega milhares, mas também provoca um enxame de desempregados: são mais de 50 mil na cidade, hoje em dia.

Número tão grande que provocou a criação do Movimento dos Desempregados, como é mais conhecida a Frente por Trabalho, Emprego e Renda, em que atua Evaldo Fidelis.