“Está ocorrendo uma coisa estranha. Tenho percebido que, de uns dois, três meses para cá, a grande imprensa começou a costear o alambrado. Começa a bater no Lula como não vinha batendo. Começam a sair artigos dizendo que Bolsonaro não foi tão ruim, que privatizou isso, abriu aquilo, deu independência ao BC”.

Essa é a avaliação do jornalista Octávio Costa, que acaba de tomar posse na presidência da Associação Brasileira de Imprensa. Ao TUTAMÉIA, ele fala sobre a situação da mídia neste ano eleitoral, dos ataques de Bolsonaro aos jornalistas e do “assédio judicial” que afeta o trabalho jornalístico e se torna uma forma de censura (acompanhe a íntegra no vídeo e se inscreva no TUTAMÉIA TV).

Costa usa uma consagrada expressão de Leonel Brizola. “Costear o alambrado” significa um movimento de um político em direção ao adversário.  “Brizola dizia: ‘Esse sujeito está costeando o alambrado e, de repente, ele vai pular para o outro lado. Isso aconteceu com alguns do PDT, como Marcelo Alencar, César Maia”, lembra o jornalista.

“Começam a vir uns elogios em certos editoriais extremamente Bolsonaro. E já muito empresário que estava arredio a Bolsonaro que começa a se aproximar um pouco de Bolsonaro diante dessa atitude da grande imprensa”, diz Costa.

Ele segue:

“É bom eles tomarem cuidado neste ano. Se de novo se bandearem para o lado de Bolsonaro, vão ter que pedir desculpas novamente daqui a 50 anos. Mas o Brasil não aguenta mais quatro anos de Bolsonaro, nem um ano. O sujeito destruiu o país em todas as áreas. Seria imperdoável se essa imprensa corporativa apoiasse Bolsonaro quando vier o enfrentamento dele com o Lula nas eleições”.