“Nós não podemos chamar de Forças Armadas uma meia dúzia de generais entreguistas, que estão do lado do Bolsonaro. Não podemos chamar de Forças Armadas quem desonra a farda e desonra o Brasil, entregando o patrimônio nacional.”

Foi o que disse Fernando Haddad, ex-candidato à presidência da República pelo PT, em manifestação no ato MORO MENTE, realizado nesta segunda-feira (19.8) no salão nobre da Faculdade de Direito da USP, no largo São Francisco.

Organizado pela Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia, o ato marcou o início da campanha de divulgação das irregularidades cometidas pelo então juiz Sergio Moro no processo contra Lula e demais ações da Lava Jato.

Em seu pronunciamento, Haddad denunciou o entreguismo bolsonarista, lembrando recente fala do ministro Paulo Guedes em que anuncia a venda de empresas estatais, falando até da entrega da Petrobrás. Para Haddad, isso deve deixar incomodado os militares que honram seu juramento à bandeira: “Eu fico me perguntando o que passa na cabeça de alguém que chegou a general diante de tanta entrega do patrimônio nacional”.

A seguir, os principais trechos do discurso:

NÃO PODEMOS CHAMAR DE FORÇAS ARMADAS QUEM DESONRA A FARDA

E DESONRA O BRASIL, ENTREGANDO O PATRIMÔNIO NACIONAL

“Moro mente. Além de ser um Pinóquio, é um fantoche. Vem sendo humilhado diuturnamente pelo governo que resolveu servir, depois de ter feito uma das maiores injustiças da história deste país.

Cometeu todas as ilegalidades possíveis para forjar uma história, inventar provas para retirar o Lula da disputa presidencial, que ele ganharia como folga. O mandato de Lula foi roubado por Sergio Moro, foi roubado por Bolsonaro. Antes pelo Moro do que pelo Bolsonaro, que não teria nenhuma chance contra o Lula.

A gente não fica só atônito com o que houve na Vaza Jato. A gente fica atônito também com o comportamento dos militares bolsonaristas. Porque a gente tem de começar a chamar as coisas pelo nome. Nós não podemos chamar de Forças Armadas uma meia dúzia de generais entreguistas, que estão do lado do Bolsonaro. Não podemos chamar de Forças Armadas quem desonra a farda e desonra o Brasil, entregando o patrimônio nacional.

O que de fato está acontecendo neste país é que, a cada momento que o Supremo Tribunal Federal é chamado a fazer Justiça, entra no circuito um militar bolsonarista ameaçando o Supremo, dando telefonema, dizendo que tem trezentos mil homens armados, tuitando para constranger os ministros da Suprema Corte.

Eu fico me perguntando o que passa na cabeça de alguém que chegou a general diante de tanta entrega do patrimônio nacional.

Semana passada nós ouvidos o Guedes dizer –esse que está sempre brincando com coisa séria–, dizer que o Bolsonaro não pensa em outra coisa a não ser vender as estatais. E ironizava [dizendo]: “Já, já chega a Petrobras. Já já chega o pré-sal.” Ele tem orgulho de entregar o país na mão de quem verdadeiramente eles servem.

Mourão chegou a chamar Donald Trump de “nosso presidente”! Nosso, não! Nosso, não! É seu presidente. E não acredito que seja das Forças Armadas também!

O que nós temos de fazer é libertar o Judiciário da intimidação. Nós temos de libertar o Judiciário para que ele cumpra o seu dever e declare definitivamente esse processo uma farsa, liberte Lula para que ele esteja entre nós.

E eu termino perguntando ao general bolsonarista que falou que tem trezentos mil homens armados: Será, rapaz, que você está com medo de um único homem? Você está com medo de um homem desarmado, que só uso a saliva e a língua para convencer o povo de um projeto generoso! Você não consegue enfrentar uma pessoa na rua, falando a verdade pro povo! Isso não é digno da farda, isso não é digno das Forças Armadas.

O Lula tem de estar entre nós. E o Supremo tem de proclamar a inocência de Lula, que é o que nós estamos reivindicando.

Lula livre!”