“Quero lhes garantir, em primeiro lugar, que Cuba é um país estável, e a situação nacional está absolutamente controlada pelo governo revolucionário, simplesmente porque a imensa maioria do povo cubano apoia a revolução, é um povo revolucionário. Os acontecimentos que se sucederam foram localizados, em nenhum aspecto majoritários, e não têm implicações sobre a estabilidade de nossa revolução. Incluíam pequenos grupos manipulados, financiados pelos Estados Unidos, que mobilizaram grupos maiores, mas no total somaram umas poucas centenas de pessoas. Entre eles, havia contrarrevolucionários declarados e financiados, algumas pessoas confusas, algumas pessoas ingênuas. Mas a realidade é que não representam nenhuma ameaça ao sistema socialista cubano.”

Palavras do embaixador Pedro Monzón, cônsul-geral de Cuba em São Paulo, falando ao TUTAMÉIA na noite desta segunda-feira, 12.7, comentando as manifestações de protesto ocorridas em Cuba no domingo e a reação do povo e do governo do país.

Na entrevista, ele comentou também a fala do presidente cubano, Miguel Díaz-Canel Bermúdez, que participou de longa entrevista coletiva –retransmitida ao vivo por TUTAMÉIA—falando sobre a situação do país e as medidas adotadas pela revolução.

“O governo divulgou informações claras, objetivas, sobre os problemas de Cuba, deixando claro que por trás de tudo isso está o bloqueio dos Estados Unidos, que dura mais de sessenta anos e provoca um dano tremendo ao povo cubano. Agora, há ainda como agravante a pandemia, que fui utilizada como ferramenta, como arma dos Estados Unidos para criar uma crise ainda maior.” (Veja no vídeo acima a entrevista completa e se inscreva no TUTAMÉIA TV)

Pedro Monzón acrescenta: “Agora situação está controlada, o país está tranquilo. O presidente disse claramente: em Cuba, as ruas são dos revolucionários. Não vamos entregar a revolução. Não vamos permitir que livremente, com financiamento dos Estados Unidos, com a instigação dos Estados Unidos, se criem conflitos um atrás do outro. Isso não vamos permitir porque vamos proteger a revolução. Não vamos nos render. Ao contrário, vamos seguir, como até agora, como um país consolidado do ponto de vista político. No terreno econômico, temos muitos problemas devido ao bloqueio, mas é um país consolidado.”

Monzón fala sobre a situação do enfrentamento à pandemia no país. Lembra que, apesar do recente aumento do número de casos e de mortes, especialmente na província de Matanzas, nem de longo o país se aproxima de uma crise sanitária –como setores dos Estados Unidos e da mídia internacional tentaram apresentar a situação.

Para sustentar sua afirmação, fala sobre a ampla campanha de vacinação realizada em Cuba –com vacina cubana, desenvolvida apesar do bloqueio econômico que, de forma desumana e criminosa, dificulta até a entra de medicamentos e de insumos no país. Mostra, por exemplo, que Cuba tem um número de mortes por covid por milhão de habitantes muito menor do que praticamente todos os países ditos desenvolvidos: 137,4 contra 1.872,56 nos Estados Unidos e 2.501,78 no Brasil (dados de 10 de julho).

E reafirma: “Nós não queremos conflitos. Nós queremos ter boas relações com os Estados Unidos, não nos interessa ter relações tensas. Nós somos um povo pacífico, que quer se desenvolver e quer que se acabe o bloqueio, que nos prejudica muito, principalmente agora durante a pandemia”.

Monzón fala sobre a atuação do presidente Díaz-Canel, cada vez mais respeitado e apoiado pelo povo cubano. Fala também da figura de Fidel. “A revolução mantém uma continuidade, que se apoia na herança tremenda que nos deixou Fidel Castro, um legado político de ações e de ideias e da luta em geral. O povo cubano respeita a imagem de Fidel. E Fidel continua entre nós. Continuamente, quando há algum conflito, o povo diz: ‘Eu sou Fidel! Eu sou Fidel!’ A ideia é que Fidel segue conosco, e que cada um de nós é um comandante em chefe, como dizia Fidel.”

Presidente cubano (no centro de camisa azul escura) e apoiadores nas ruas de Cuba -foto Reprodução

E comentou o grande número de manifestações de solidariedade recebidas pelo povo e o governo cubano, tanto apoios oficiais, de outros governos democráticos,  quanto de partidos políticos e organizações populares.

Em São Paulo, por exemplo, houve manifestação em frente ao consulado cubano, com uma força tal que desanimou um pequeno grupo que lançava xingamentos contra a revolução.

Sobre o apoio internacionalista –e especialmente o apoio dos brasileiros—à revolução, o embaixador afirmou:

“Cuba está estável. Tivemos problemas, mas o governo revolucionário e o povo têm o controle da situação. Não há por que se preocupar. A revolução vai prosseguir. Agradecemos a solidariedade de todas as organizações que nos apoiam. Hoje em frente ao consulado estavam praticamente representantes de todos os partidos revolucionários e de esquerda, estava o MST, que é sumamente importante para o Brasil e para nós, e todos estavam lutando por apoiar a Cuba, porque Cuba é uma ideia, Cuba é um princípio, Cuba é a representação da luta pela soberania e pela liberdade. Uma pequena ilha no Caribe é um símbolo de que se deve lutar, de que a independência é possível, de que a autodeterminação é possível, de que a justiça social é possível. Por isso vocês se unem quando se trata de Cuba, mostram uma unidade indestrutível, e isso nós agradecemos profundamente.”

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CONFIRA AQUI a entrevista coletiva concedida pelo presidente de Cuba e por integrantes do governo cubano na manhã de segunda-feira, 12.7.

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Representante do MST entrega a Monzón cesta com produtos da reforma agrária, símbolo da solidariedade ao povo cubano – Foto Guilherme Frodo

A missão cubana perante as Nações Unidas emitiu, no dia 11.7, comunicado a respeito dos distúrbios ocorridos no país. Leia a íntegra a seguir.

O PLANO QUE PROVOCOU OS INCIDENTES DE 11 DE JULHO FRACASSOU

Los desórdenes e incidentes acaecidos en algunas localidades de Cuba, este 11 de julio, son el resultado de un plan diseñado por el gobierno de los Estados Unidos para, de manera oportunista, ejercer la mayor presión posible contra nuestro país, en momentos en que enfrentamos una compleja situación, derivada de 16 meses de enfrentamiento a la pandemia y el actual rebrote, además del severo recrudecimiento del bloqueo y las brutales restricciones que impone al pueblo cubano.

Ello ha provocado una grave afectación al normal funcionamiento de la economía cubana al disminuir severamente los ingresos por exportaciones de bienes y servicios, el acceso a combustibles y a medicamentos e insumos médicos. A esto se adicionan otras medidas como el incumplimiento del otorgamiento del número de visas para emigrar y viajar de forma temporal a los Estados Unidos y la suspensión de servicios consulares en Cuba, que limita considerablemente los viajes de cubanos.

Con estas medidas se pretende presentar a un país colapsado y en caos, para provocar un estallido social y justificar una intervención externa. La participación de Estados Unidos está demostrada. Es público el financiamiento otorgado a individuos en Cuba y en el exterior para crear grupúsculos en nuestro país que fomenten el desorden interno, provoquen y realicen actos contra instituciones y cometan acciones terroristas. También es público y notorio el estímulo e instigación a actos de enfrentamiento a las instituciones y las leyes cubanas, mediante campañas mediáticas con mentiras y tergiversaciones de la realidad cubana.

Se ha intentado, además, desacreditar al gobierno cubano en relación con el manejo de la pandemia y se pretende menoscabar los indicadores epidemiológicos nacionales, que reflejan los resultados del intenso trabajo desarrollado, en función de preservar las vidas humanas. Producto de ese esfuerzo mancomunado contamos con 1 vacuna propia y otros cuatro candidatos vacunales.

Denunciamos, en los términos más enérgicos, los actos violentos promovidos y ejecutados por elementos delincuenciales, incluidos ataques a las fuerzas del orden público. El plan que provocó los incidentes del 11 de julio ha fracasado. Se mantiene el normal funcionamiento de las instituciones, en las condiciones que impone la emergencia sanitaria. El Estado y Gobierno cubanos y sus instituciones tienen pleno control de la situación.

El Gobierno ha tomado y tomará las medidas necesarias para garantizar la paz y tranquilidad ciudadanas. En ningún momento, como algunos de manera malintencionada han dicho, las autoridades cubanas han llamado al enfrentamiento y la violencia entre compatriotas. Hemos acudido a nuestro pueblo que, como siempre ha sido, es el protagonista de la defensa de la Patria ante agresiones mercenarias, ataques terroristas, planes de sabotaje económico, medidas de coerción económica y otros planes de desestabilización. La instigación a dividir a los cubanos proviene desde el exterior.

Denunciamos enérgicamente la campaña de desinformación y descrédito articulada desde Washington. Frente a estas maniobras y los intentos de proyectar una imagen de inestabilidad, quebrantando la tranquilidad ciudadana y nuestro Estado de Derecho y Justicia Social, el pueblo cubano amante de la paz y con una profunda vocación humanista no renunciará ni un ápice a la construcción de una sociedad inclusiva, democrática, próspera y sostenible con todos y para el bien de todos.

 

Misión Permanente de Cuba ante Naciones Unidas