A confirmação da condenação do ex-presidente Lula pelo TRF4, na semana passada, e a ampla divulgação dos argumentos contrários ao líder popular não abalaram o prestígio dele junto ao eleitorado nacional.

Lula vence de lavada contra qualquer candidato, demonstra pesquisa Datafolha divulgada hoje (na nossa primeira página, detalhe de arte publicada hoje na “Folha de S. Paulo”). E sua eventual ausência da disputa leva os brasileiros a uma posição de apatia, com recorde de votos brancos e nulos.

Por isso, os diretores do Datafolha Mauro Paulino e Alessandro Janoni afirmam, em artigo publicado na “Folha”: “A possível inelegibilidade do ex-presidente aprofunda a crise de representação no cenário político e lança ainda mais incertezas sobre o pleito deste ano e seus desdobramentos”.

Quando incluído na pesquisa, Lula aparece em uma faixa de aprovação que é ordens de grandeza superior à do segundo colocado. Em TODOS OS CENÁRIOS, tem pelo menos o dobro das intenções de voto do seu concorrente mais próximo, chegando a ter, em uma das simulações, mais de vinte pontos de diferença:  37% dos votos contra 16% de Bolsonaro.

As enquetes sem Lula empalidecem, as intenções de votos mirram, minguam. Nelas não aparece, pois não existe, o candidato que seria apoiado por Lula. E os votos brancos e nulos disparam, num resultado considerado “histórico” por Paulino e Janoni.

Outra pergunta, porém, dá pista para o que poderia acontecer. A questão busca avaliar o poder de transferência de voto de Lula. O resultado é que 27% votariam “com certeza” em um nome indicado pelo líder popular, e outros 17% talvez votassem no candidato de Lula.

São pesquisas diferentes, mas, apenas para que se tenha uma ideia do que isso representa, saiba que, nas proposições “sem Lula”, o líder das pesquisas chega no máximo a vinte pontos.

Já em eventual segundo turno COM A PRESENÇA de Lula, em ganha em todos os cenários, de lavada.

Em contrapartida, na vida real, as chances de a candidatura do petista vingar parecem se reduzir. Juiz do STJ negou ontem habeas corpus impetrado pelos advogados de Lula para impedir eventual prisão do dirigente petista.

Sobre a decisão, Cristiano Zanin, advogado de Lula, distribuiu a seguinte nota:

A Constituição Federal assegura ao ex-Presidente Lula a garantia da presunção de inocência e o direito de recorrer da condenação ilegítima que lhe foi imposta sem antecipação de cumprimento de pena.

A defesa usará dos meios jurídicos cabíveis para fazer prevalecer as garantias fundamentais de Lula, que não pode ser privado de sua liberdade com base em uma condenação que lhe atribuiu a prática de ilícitos que ele jamais cometeu no âmbito de um processo marcado por flagrantes nulidades.