O Brasil enfrenta o início do que pode ser uma nova onda da pandemia de Covid-19. Além do aumento do número de casos, do número de mortes e do número de internações, há um “apagão de dados” da vacinação das crianças de seis meses a dois anos. Apesar da população de 6 milhões de crianças nessa faixa etária, o Ministério da Saúde distribuiu apenas 1 milhão de doses. E o Datasus não tem registro dos dados dessa vacinação. “Esse argumento de que não estão morrendo crianças não é verdadeiro. Em média, uma criança com menos de cinco anos de idade morre de Covid a cada dois dias. Poderiam ser crianças vacinadas. Atualmente, essa faixa etária representa 9% das internações pela doença”, diz o senador Humberto Costa, um dos coordenadores do Grupo Técnico da Saúde do Gabinete de Transição, que apresentou seu primeiro diagnóstico do setor em reunião na última sexta-feira, 25.11 (confira no vídeo acima os principais trechos da entrevista e se inscreva no TUTAMÉIA TV).
Também ex-ministro da Saúde, Arthur Chioro informou que a análise sobre o Programa Nacional de Imunização (PNI) revelou um dos mais graves problemas do Brasil: o risco concreto da volta de doenças. “Todas as vacinas obrigatórias no calendário de vacinação para crianças com menos de 1 ano estão com cobertura inadequada. Todas, sem exceção. O Brasil perdeu a capacidade de fazer aquilo que a gente sempre fez, numa construção de 50 anos de história do PNI”, disse.
Até 2015, o Brasil mantinha cobertura vacinal para todas as vacinas inseridas no calendário nacional de imunização superior a 95%. “Essas coberturas foram caindo de tal forma que hoje nós estamos numa situação de absoluta insegurança. Então, esse não é o diagnóstico apenas do grupo de transição. É de especialistas, gestores de saúde. Não se trata agora de dizer nós estamos com potencial risco. Ele é concreto”, alertou. “O que nos surpreende é a total falta de planejamento de ações para 2023. Não é possível esperar 1º de janeiro para que medidas sejam tomadas. Medidas precisam ser tomadas imediatamente”, completou.
Em resumo, o quadro é de falta de recursos financeiros por causada dos cortes no orçamento realizados pelo governo Bolsonaro, insuficiência de vacinas para a Covid-19, falta de medicamentos básicos, queda nos índices de vacinação, filas para cirurgias e procedimentos e apagão de dados.
Exatamente por isso, diz José Gomes Temporão, outro ex-ministro que integra a coordenação do GT da Saúde, é preciso votar imediatamente a PEC da Salvação nacional, para garantir recursos ao sistema de saúde e tentar modificar o cenário atual, que aponta para 2023 um agravamento da crise por falta de recursos. Dinheiro desviado de suas funções, segundo Humberto Costa, informando R$ 10 bilhões dos recursos previstos para o Ministério da Saúde no próximo ano estão destinados para o orçamento secreto. O resultado é o esmagamento de programas Farmácia Popular, Médicos pelo Brasil, Saúde Indígena, que exemplo, sofreram cortes de mais de 50%.
“Nós não temos a opção de não aprovar essa folga orçamentária para a área da saúde. Nós não temos a opção de votar ou não votar essa PEC que está lá no Congresso Nacional. Ou votamos ou por outro lado nós vamos ter uma crise profunda na área da saúde e que será profunda também em várias outras áreas”, defendeu Costa.
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