O repúdio às políticas de Jair Bolsonaro nas mais diferentes áreas marcou o ato inter-religioso organizado pelo Projeto Brasil Nação no domingo, 9 de agosto, em apoio à Carta ao Povo de Deus. Transmitido pela TVT, o evento contou com a participação de integrantes de 11 denominações religiosas, representantes de movimentos sociais e artistas. Conduzido pelos jornalistas Juca Kfouri e Rosane Borges, a manifestação, de mais de duas horas, foi também uma homenagem à memória dos mais de 100 mil mortos pela Covid 19 e a dom Pedro Casaldáliga (1928-1920), falecido no dia anterior.
Ícone da luta pelos direitos humanos no Brasil e ex-presidente da Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de São Paulo, a socióloga Margarida Genevois foi a primeira a falar. Em seguida, o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira expôs as motivações do movimento em solidariedade aos 152 bispos que assinaram a Carta.
O documento dos bispos, afirmam seus apoiadores, “aponta os descalabros produzidos pelo governo Bolsonaro, que impõe ao país milhares de mortes na pandemia, ataques à democracia, desagregação social, desastre ambiental, uma economia que mata”.
Na visão do Projeto Brasil Nação, “Bolsonaro age para destruir o Brasil e subordiná-lo aos interesses estrangeiros, colocando a Nação como vassala dos Estados Unidos. Roendo as instituições, desprezando a população e aniquilando pequenas empresas, o governo se transforma em inimigo da vida, da saúde, da democracia, da soberania, da diplomacia, de direitos, da ética, da educação, da cultura, do desenvolvimento com justiça, igualdade e paz”.
O cardeal dom Cláudio Hummes enviou mensagem ao grupo: “Agradeço muito a todos do Projeto Brasil Nação pelo apoio à Carta ao Povo de Deus. A intenção da carta foi dar nossa contribuição para despertar a consciência do povo brasileiro e animá-lo a enfrentar e lutar contra os riscos que correm em nosso país a democracia, a saúde do povo, os povos indígenas, a floresta amazônica e sua gente, os pobres de modo geral, a educação e a cultura. Se conseguirmos unir-nos todos os que amamos de verdade nosso país e nossa gente, haveremos de superar este tempo difícil e sombrio”.
A manifestação foi lida logo no início do evento, que trouxe em seguida a fala de d. Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito de Blumenau. Participaram, no decorrer do ato, os bispos Dom Vicente de Paula Ferreira, bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte/MG, Dom Leonardo Ulrich Steiner, Arcebispo de Manaus/AM e Dom Zanoni Demettino Castro, Arcebispo de Feira de Santana/BA. Este último respondeu ao vivo a perguntas de Juca e Rosane.
Também respondeu a questões, a pastora Romi Bencke, ativista do movimento ecumênico e inter-religioso, falando desde Brasília.
Mandaram sua mensagem ao ato: Ariovaldo Ramos, da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito, Babalawo Ivanir dos Santos, do candomblé, Mãe Marilena, da umbanda, a budista Monja Coen, Avelin Buniacá, liderança indígena, Lusmarina Garcia, pastora Luterana, Franklin Félix, espírita, o rabino Alexandre Leone, Naudal Alves Gomes, bispo primaz da igreja episcopal anglicana, o sheik Rodrigo Jalloul, líder religioso do islamismo, Walter Altmann, pastor emérito e teólogo luterano, ex-moderador do Conselho Mundial de Igrejas, Carlos Moura, ex-secretário executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB.
Também se pronunciaram: Paulo Cesar Pedrini, coordenador da Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo, Preta Ferreira, cantora e militante do Movimento Sem Teto do Centro, Aquiles Rique Reis, do MPB4, Marluí Miranda, compositora, cantora e pesquisadora da cultura indígena brasileira, a cantora Fabiana Cozza, o músico Daniel Ayres, do Batuntã. João Pedro Stedile, do MST, falou sobre a trajetória e o legado de Casaldáliga.
O ato teve as apresentações musicais do MPB4, do grupo Pau Brasil, do Batuntã, de Marluí Miranda, Preta Ferreira, Chico César, Fabiana Cozza e do coro Luther King.
O ex-ministro Celso Amorim fechou o evento, salientando a relevância e a abrangência da “Carta ao Povo de Deus” e a necessidade de a sociedade agir nesse momento tão dramático da vida do Brasil.
As adesões ao abaixo-assinado de apoio ao documento continuam abertas em: http://chng.it/McwLGkwN
A íntegra do ato está disponível no canal da Rede TVT no YouTube.
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