“O direito à terra não diz respeito somente à terra, mas sim à garantia de mobilidade nesses lugares, à garantia de existência de energia elétrica, acesso à internet, ao acesso à equipamentos para desenvolvimento de produção agrária, ao acesso à água de qualidade.”

Esse é um trecho do discurso de posse do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) como ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar.

A cerimônia, realizada nesta terça-feira (03.01.23) no auditório da Conab (foto abaixo), teve a presença de representantes de movimentos populares do campo e das matas –que, dias antes, tinham recebido Paulo Teixeira em seu acampamento no estádio Mané Garrincha (clique no vídeo acima para ver a íntegra da fala do ministro naquela oportunidade e se inscreva no canal TUTAMÉIA TV).

No discurso de posse, Teixeira firmou um compromisso: “Hoje, nós reiniciamos o desafio de erradicar a fome e dar condições mais dignas de vida ao brasileiro que vive no campo.”

E emocionou a todos ao lembrar do filho mais velho, militante das causas populares, morto há treze anos: “Sinto a presença do meu filho mais velho, Pedro, nesse dia de hoje. Há 13 anos ele fez a sua passagem em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, e sua trajetória de vida, de luta em relação à população carcerária e também aos povos indígenas e ribeirinhos, ressignifica e fortalece ainda mais a minha caminhada e os meus desafios”.

Leia a seguir a íntegra do pronunciamento de Teixeira:

 

SEM COMIDA, NÃO HÁ DEMOCRACIA

Bom dia!

Quero cumprimentar a todas e todos aqui presentes na cerimônia da nossa posse no ministério do desenvolvimento agrário e agricultura familiar.

inicialmente, agradeço ao presidente Lula, que comandou um grande movimento democrático de derrota do fascismo e do retrocesso que vivemos nesses últimos 4 anos.

À presidenta Gleisi Hoffmann, que teve importante papel na vitoriosa campanha do presidente Lula e tem conduzido o partido com muita firmeza, faço um especial agradecimento em nome dela a todos parlamentares aqui presentes. Obrigado, presidenta Gleise.

E faço uma referência ao papel fundamental dos ex ministros que, nos governos de Lula e Dilma, ajudaram a construir o MDA: obrigado, Patrus Ananias e Pepe Vargas – aqui presentes – lembrando também de Afonso Florence, Miguel Rosseto, Guilherme Cássel e Laudemir Muller.

Graças ao esforço das equipes que vocês comandaram, temos um acúmulo de conhecimento e uma base a partir da qual vamos reconstruir essa pasta, a partir de hoje! Conhecimento e capacidade de trabalho que vem também dos funcionários e servidores do MDA, da Conab, Anater e Incra – a quem agradeço pela presença nesse ato.

Em especial: agradeço à minha querida família, minha base e alicerce. À Alice, minha companheira de mais de 40 anos de jornada, e aos meus queridos filhos: Pedro, Ana, Caio, Laís, Manoela e Júlia.

Sinto a presença do meu filho mais velho, Pedro, nesse dia de hoje. Há 13 anos ele fez a sua passagem em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, e sua trajetória de vida, de luta em relação à população carcerária e também aos povos indígenas e ribeirinhos, ressignifica e fortalece ainda mais a minha caminhada e os meus desafios.

Sobretudo, quero agradecer a deus, por sempre iluminar nosso caminho.

A posse do presidente Lula, no último domingo, foi um grande marco para sociedade brasileira.

Relembremos que Lula foi preso, cumprindo 580 dias de prisão arbitrária, a partir de uma decisão ilegal que visava apenas retirá-lo do cenário político. mas a justiça brasileira reparou esse erro devolvendo sua liberdade e restabelecendo seus direitos.

Ver o presidente Lula receber a faixa presidencial das mãos do povo, com tamanha carga de simbologia a marcar a diversidade brasileira, não somente nos emociona, mas nos impulsiona e inspira, no momento de assumir o comando desse ministério – tomados por um sentimento de grande esperança.

Os governos anteriores dos presidentes Lula e Dilma Roussef foram responsáveis pela retirada de mais de 40 milhões de brasileiros da extrema pobreza e da miséria, com um intenso processo de distribuição de renda, sem retirada de direitos trabalhistas ou previdenciários.

Houve, naquele período, um intenso processo de combate à insegurança alimentar, com inúmeros programas que beneficiaram os agricultures familiares, assentados da reforma agrária e trabalhadores rurais.

Nosso país tem uma chaga em sua história: toda vez que alguém tenta completar a abolição da escravidão no brasil, acaba derrubado pelas forças do atraso. Foi assim com Getúlio Vargas, João Goulart… e mais recentemente com o golpe contra Dilma e a prisão injusta de Lula.

O processo regressivo iniciado em 2016 levou ao retorno do Brasil ao mapa da fome. Temos um território imenso, que não foi utilizado de forma racional nesses últimos anos, devido à inexistência de políticas públicas.

Nenhum país prospera sem resolver problemas dessa natureza. Temos 33 milhões de brasileiros vivendo em grave insegurança alimentar.

Nenhum país pode se considerar civilizado com tamanha parcela da população ameaçada pela fome! Sem comida, não há democracia.

Hoje, nós reiniciamos esse desafio de erradicar a fome e dar condições mais dignas de vida ao brasileiro que vive no campo.

Nesse sentido, queremos resgatar o papel do estado brasileiro que através desse e de outros ministérios deve promover o acesso à terra. Temos milhares de famílias vivendo em acampamentos, em beiras de estradas, em condições paupérrimas em um país plenamente capaz de oferecer terra e moradia aos seus filhos e filhas.

O direito à terra não diz respeito somente à terra, mas sim à garantia de mobilidade nesses lugares, à garantia de existência de energia elétrica, acesso à internet, ao acesso à equipamentos para desenvolvimento de produção agrária, ao acesso à água de qualidade.

Da mesma maneira que é importante plantar alimentos, aprendi um termo com a equipe de transição que é: “plantar água”. Aliás, destaco aqui o trabalho brilhante feito pelo grupo de transição que se dedicou aos temas relacionados ao nosso ministério: parabéns pelo esforço de vocês e muito obrigado!

Nossa proposta, a partir de hoje, é trabalhar muito para colocar comida farta e de qualidade, sem agrotóxicos, na mesa dos brasileiros e brasileiras.

Creio que a missão desse ministério é também manter boa articulação com os movimentos sociais. Faço questão de enfatizar que iremos trabalhar com portas abertas, num diálogo permanente, acolhendo sugestões, apontamentos e críticas.

Agradeço aos movimentos sociais e organizações aqui presentes, por meio do foro do campo unitário, que reúne um conjunto de movimentos e organizações fundamentais para o Brasil.

Ressalto nosso compromisso com os povos do campo, da floresta e das águas!

Por fim, gostaria de dizer aos trabalhadores do antigo MDA, da Conab, da Anater e do Incra: vocês têm um acúmulo precioso de conhecimento em suas vidas profissionais, sendo conhecedores de como vivem e trabalham as famílias do campo.

Vocês são pessoas vocacionadas, que optaram por servir ao povo brasileiro. Gostaria de ter proximidade com todos vocês, para que possam nos ajudar a realizar o nosso compromisso, junto ao presidente Lula, de colocar:

1 café da manhã, 1 almoço e 1 jantar na mesa do povo brasileiro.

Todas e todos estão convidados para esse compromisso.

Não é puro acaso que esse ato de posse ocorra aqui, no auditório da Conab em Brasília! temos grande orgulho, e grande responsabilidade, por ter agora sob a guarda do MDA, essa empresa pública fundamental para garantir comida farta, de qualidade e a preços justos, na mesa do povo brasileiro.

Tendo em vista que nosso anúncio e nomeação se deu na semana passada, comprometo-me a me debruçar, na próxima semana, na formação da nossa nova equipe no ministério, no Incra, na Anater, nos Ceasas e na Conab.

Todos os nomes serão anunciados ao longo dos próximos dias. mas tenho o prazer de adiantar a primeira nomeação: Fernanda Machiaveli será a secretária executiva do ministério.

Fernanda traz para nosso ministério o conhecimento e a experiência de quem já foi chefe de gabinete do Ministério do Desenvolvimento Aagrário e da secretaria-geral da presidência em mais de 10 anos de experiência na gestão pública de nossos governos.

Convidei também o Eric Moura para compor minha assessoria. Ele é do Amazonas, das populações tradicionais.

Convidei também o Caio Baccini para compor minha assessoria na área parlamentar e a Fabiana Zamora para a chefia de gabinete. E o seu Severino, que vai dirigir a todos nós.

Essa semana nós vamos, a partir desse dialogo, formar as equipes e anunciá-las, de acordo com o presidente Lula.

Mais uma vez, agradeço a todas e todos. Convido e convoco para que estejam a meu lado, nesse esforço decisivo de reconstruir um ministério fundamental para o Brasil.

Muito obrigado!