“O fato de o atual governo ter oito mil militares trabalhando em cargos de confiança, porque nenhum fez concurso, simplesmente eles terão que deixar os cargos, e nós vamos colocar as pessoas que deveriam estar nos cargos, e não os militares. Eu não vejo problema, não faço disso um drama. Eu não pretendo conversar com os militares sobre eleições. Os militares têm que se comportar no dia das eleições como eleitores, e não como militares. Depois, quem ganhar vai conversar com eles, como chefe supremo das Forças Armadas, e ver o que tem que ser feito no Brasil”.

Foi o que afirmou o ex-presidente Lula durante entrevista coletiva em Paris, após receber o Prêmio Coragem Política, concedido pela revista “Politique Internationale”.  TUTAMÉIA cobriu o evento, com reportagem da jornalista Rosangela Meletti (veja a íntegra no vídeo e se inscreva no TUTAMÉIA TV).

“O papel das Forças Armadas brasileiras está muito bem definido na Constituição. As Forças Armadas brasileiras precisam cuidar da soberania do país, cuidar do nosso povo, proteger o povo contra possíveis inimigos externos, ajudar no desenvolvimento nacional, cuidar das nossas riquezas no solo, no subsolo, no mar. Cuidar do nosso espaço aéreo. E ajudar naquilo que a sociedade civil precisar. Está bem definido na Constituição”, disse Lula.

Na entrevista, ele se considerou otimista com o Brasil. Tratando da “tempestade Bolsonaro”, afirmou que disse que “o povo já percebeu e o povo vai votar”. Para Lula, “o povo brasileiro está cansado”.

Perguntado sobre qual seria a sua reação com uma eventual reeleição de Bolsonaro, Lula respondeu: “Chorar. Se acontecer isso, vai ser lamentável para o Brasil, vai ser muito triste”.

O ex-presidente declarou que sua viagem à Europa tem o objetivo de restabelecer a credibilidade do Brasil no exterior. “Continuem confiando no Brasil. O melhor é o povo, não o governo”.

Lula reafirmou que o mundo deve buscar uma nova governança global, refazendo o acerto que, ao final da Segunda Guerra Mundial, resultou em apenas cinco países terem poder de veto na ONU. Ele também condenou a  guerra fria que os EUA tentam provocar com a China. E tratou das relações do Brasil e da América Latina com a França e a Europa.

À tarde, Lula ainda iria se encontrar com o presidente da Emmanuel Macron, e com o líder oposicionista Jean-Luc Melénchon.

A chegada de Lula ao encontro com o presidente da França foi com honras de mandatário, como mostra vídeo produzido pela assessoria do líder brasileiro.

O tom do encontro parece ter sido bem amistoso, a julgar por uma das fotos divulgadas:

Depois da reunião com Macron, Lula seguiu seguiu seus encontros com lideranças da França. “Um ex-presidente encontra outro ex-presidente”, escreveu François Hollande em suas redes sociais, dizendo que Lula é a esperança para o Brasil.

Logo depois houve o encontro com o líder oposicionista Jean-Luc Melénchon, com quem debateu um dos temas que vem destacando em suas palestras nessa viagem: a necessidade de uma nova governança mundial, de que seja rediscutido o papel das Nações Unidas.