Milícias fascistas tentaram novamente acabar com a caravana do presidente Lula no Sul. Bloqueios nos arredores de Francisco Beltrão e Foz do Iguaçu, no Paraná, não impediram a participação de Lula em atos públicos nesta segunda-feira, 26/3. O presidente driblou as ações dos agressores e, tomando medidas alternativas, compareceu aos eventos agendados.
Pela manhã, reproduzindo táticas criminosas usadas em dias anteriores, um grupo de baderneiros articulados por ruralistas fechou uma estrada de acesso a Francisco Beltrão. Queimaram pneus e provocaram um engarrafamento. Apesar dessa ação, Lula chegou até o palanque e discursou (foto Ricardo Stuckert, na página de abertura deste site). Depois, quando Lula já tinha partido para Foz do Iguaçu, ruralistas e apoiadores de Bolsonaro jogaram ovos e pedras em ônibus da comitiva, sem provocar danos. Rojões também foram arremessados, sem consequências.
Em Foz do Iguaçu, a polícia usou gás lacrimogênio para dispersar milicianos apoiadores de Jair Bolsonaro. Antes, o grupelho jogou pedras e ovos em um ônibus de linha da viação Catarinense que estava a caminho de Foz pela BR277. Um vidro foi quebrado. Conforme relato do “DCM”, os vândalos acharam que se tratava de veículo da caravana de Lula.
Também em Foz, o padre Idalino Alflen, 64, foi atingido por uma pedrada. “Não é pela violência que a gente transforma. É preciso ter mais respeito para que o Brasil seja um país de fato democrático”, declarou ele ao “Brasil de Fato”.
Enquanto a caravana seguia no Paraná, a presidenta Dilma Rousseff e o ministro Celso Amorim, em entrevista no Rio de Janeiro, denunciavam as agressões perpetradas por fascistas contra a caravana no Sul.
“O Brasil passa por um momento de radicalização do golpe. Todo golpe se radicaliza, todo golpe. E aumentam os graus de violência que ele utiliza para conter as consciências das pessoas”, declarou Dilma.
“Com esse processo de expansão do ódio, de reprodução desse ódio em escala nacional, eles conseguiram um nível de intolerância muito grande, uma grande difusão de pequenos grupos de extrema direita. Isso explica o surgimento do Bolsonaro. Em qualquer lugar do mundo, não seria considerado civilizado uma pessoa defender aberta e frontalmente, a todo um parlamento e a um país, a tortura”, declarou Dilma.
Segundo Celso Amorim, “há uma coisa muito forte que é preciso dizer que são as tendências do fascismo. Eu acho que é preciso alertar o mundo que aqui há um ovo da serpente. O fascismo se manifesta de muitas formas. E não estou nem dizendo que tudo seja coordenado. É possível até que, digamos, a casa grande que usa o açoite não queira um governo fascista. Não sei se quer ou se não quer. Aí é outra coisa, mas os fatos que estão acontecendo, a conjugação dos fatos é impressionante”, asseverou.
E advertiu: “Alemanha nazista começou assim, eram pequenas milícias que impediam os democratas falarem. Não é à toa que a vereadora Marielle foi assassinada, executada. Não era só porque era negra, claro que tudo isso facilitou, o fato de ser negra, homossexual, favelada, mas porque ela tinha opiniões políticas e opiniões políticas fortes, e ela teve que ser silenciada como a voz do Lula tem que ser silenciada durante nessa campanha. Isso é o avanço do fascismo”, afirmou.
Para nós, que acompanhamos a caravana, o dia de tensão terminou numa explosão de alegria, graças à recepção calorosa que tivemos em Quedas do Iguaçu. Poucos quilômetros antes da entrada da cidade, passamos pelo acampamento Dom Tomás Balduíno, do MST, e fomos saudados como se chegasse ali a seleção brasileira voltando com a taça de uma Copa do Mundo.
Especialmente para Eleonora e eu, a alegria foi maior, a do reencontro, pois estivemos visitando aquele pessoal no ano passado, em uma das etapas de nosso projeto MARATONANDO COM O MST (CLIQUE AQUI para saber mais).
Famílias inteiras de agricultores agitavam suas bandeiras, gritavam, mostravam faixas. Uma, especialmente tranquilizadora, informava: “Quedas do Iguaçu não é Bagé”, lembrando a vergonhosa ação de grupos fascistas na cidade gaúcha –não menos vergonhosamente apoiada pela senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), que chegou a dizer: “Quero parabenizar Bagé, Santa Maria, Passo Fundo, São Borja. Botaram para correr aquele povo que foi lá levando um condenado, se queixando da democracia. Atirar ovo, levantar o relho, é para mostrar onde estamos nós, onde estão os gaúchos”.
A senadora que fique entreverada com sua consciência, pois depois passou o dia dizendo que não disse o que disse. Quanto à Caravana de Lula, foi em frente.
Depois da saudação feita pelo MST, a entrada efetiva na cidade de Quedas do Iguaçu foi também espetaculosa, com carro de som servindo de batedor para os ônibus do comboio da democracia, gente nas calçadas abanando, e a energia de todos desabrochando, pronta para uma nova jornada.
A Caravana segue.
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