Falas e palavras de ordem anti-imperialistas marcaram a cerimônia de inauguração de busto em homenagem ao revolucionário cubano José Martí, realizada no Memorial da América Latina na manhã de sábado 28 de janeiro de 2023, data do 170º aniversário do nascimento do poeta, jornalista e combatente anticolonial.

Representantes de partidos progressistas, movimentos populares e organizações de solidariedade internacional e de defesa da democracia acompanharam o evento, que teve como ponto alto político o discurso do embaixador Pedro Monzón, cônsul geral de Cuba em São Paulo, transcrito a seguir (veja no vídeo a transmissão ao vivo realizada por TUTAMÉIA e se inscreva no TUTAMÉIA TV).

 

PÁTRIA É HUMANIDADE

Íntegra do pronunciamento do embaixador Pedro Monzón, cônsul geral de Cuba em São Paulo, na cerimônia de inauguração, no Memorial de América Latina, de busto de José Marti, homenageado por ocasião de seu 170º aniversário de nascimento

 

Bom dia a todos, queridos amigos:

Agradeço a presença seguintes personalidades:

  • Jorge Damião, Presidente do Memorial de América Latina.
  • Ao Embaixador de Cuba en Brasília, Adolfo Curbelo.
  • Ao Embaixador Luis Fernando Avalos, presidente do GRULAC
  • Ao Deputado Estadual Paulo Fiorilo,
  • Ao Vereador Manoel del Rio
  • Ao delegado da Deputada Federal Juliana Cardoso
  • Ao Presidente do PSDB en SP. Luis Alfredo Silva
  • À Secretaria Estadual de Cultura de Sao Paulo
  • À Secretaria de Relações Internacionais da Prefeitura
  • Ao amigo e destacado escritor Fernando Morais.
  • A outras destacadas personalidades que nos acompanham.
  • Aos amigos das Associações de Solidariedade José Martí, e solidários com Cuba.
  • Ao corpo diplomático.
  • Aos cubanos presentes e aos Funcionários de nosso consulado.
  • Quero destacar o apoio imprescindível do amigo Jorge Damião, Presidente do Memorial da América Latina, de seu Diretor Cultural, Fabricio Ravelli, do Ministério de Cultura de Cuba, da Embaixada de Cuba em Brasília e da Secretaria Estadual de Cultura de São Paulo.
  • Finalmente, desejo expressar nosso agradecimento ao renomado escultor cubano, Alberto Lescay, que deu demonstração de desprendimento e patriotismo ao doar este magnífico busto de bronze.
  1. Estimados amigos, o preâmbulo de minha intervenção hoje deve ser a breve leitura de uma passagem de José Martí, em um dos textos de sua revista dedicada a infância, “la Edad de Oro”:
  2. ” Contam (disse ele) que um viajante chegou um dia a Caracas ao anoitecer, e sem sacudir a poeira do caminho, não perguntou onde se comia nem se dormia, senão como se ia e onde estava a estatua de Bolívar. E contam que o viajante… chorava em frente a estatua, que parecia que se movia, como um pai quando um filho se aproxima. O viajante fez bem, porque todos os americanos devem querer a Bolívar como a um padre. A Bolívar, e a todos os que brigaram como ele para que a América‚ fosso do homem americano…”
  3. Isto explica por que nos deixa muito feliz este busto de Martí esteja localizado a poucos metros do Libertador.
  4. José Martí, segundo um célebre escritor cubano, é “esse mistério que nos acompanha todos os dias e que nos dá forças para seguir adiante”. Esse insólito qualificativo expressa a influencia excepcional que teve este cubano universal sobre todo o povo e a política cubana, por mais de cem anos.
  5. O processo encabeçado por Fidel Castro, que levou ao triunfo da Revolução Cubana em 1959, e todo o que sucedeu depois em nossa ilha, até o dia de hoje, se ha caracterizado, especialmente, por ter uma influencia martiana abrangente e autêntica.

As razões desta surpreendente  presença de um individuo sobre a ideologia, a política e a idiossincrasia de todo um povo e, incluso, sobre políticos e intelectuais na América Latina e outros locais do planeta, são muitas, difíceis de avaliar em toda sua magnitude e impossíveis  de relacionar em sua plenitude.

  1. Martí foi identificado por sua obra culta e medular, imensa em extensão e profundidade; conceito inflexível da independência nacional, da justiça social e da solidariedade humana; princípios éticos firmes; una rigorosa conduta política, social e intelectual; perfeita conexão entre o dizer e o fazer; demostrada disposição ao sacrifício por uma causa justa; e uma sublime beleza e impacto emotivo e mobilizador de sua prosa, seu verso e sua oratória.
  2. De ahí su tremenda influencia que permite afirmar que el pueblo y la Revolución Socialista de Cuba son esencialmente martianos.

Sobram exemplos.

  1. A igualdade social não é mais que o reconhecimento da equidade visível da natureza” afirmou Martí, quem sempre esteve do lado dos pobres da terra. Procure-se agora em Cuba rastros de injustiças sociais, de miséria, de habitantes morando nas ruas; de discriminação; de incultura; de crianças abandonados; de pessoas sem assistência médica; de tráfico de drogas… e o que se encontrará,  ao contrario, será uma sociedade justa e digna; uma sociedade martiana, que temos o compromisso  de aperfeiçoar continuamente.
  2. Quem não se explique a razão da capacidade de resistência do povo cubano ante um permanente bloqueio agressivo que o provoca incontáveis sofrimentos devem buscar as fontes genéticas em princípios martianos que nos impulsionam: “A liberdade custa muito caro, e é necessário, o resignar-se a viver sem ela, ou decidir-se a comprá-la por seu preço. Os grandes direitos não se compram com lágrimas…”, afirmou o apostolo.
  3. Al igual que para a Cuba de hoje, os conceitos de soberania, independência e solidariedade martianos estão muito ligados à aspiração de uma América Latina unida, região que qualificou como Nossa América. Em seu, de fato, testamento político pego na carta a um amigo entrañable, Martí imaginou, já em maio de 1895, que a liberação de Cuba (de Espanha) era uma maneira CITO “..de impedir a tempo com a independência de Cuba, que se estendam pelas Antilhas os Estados Unidos e caiam, com essa força más, sobre nossas terras da América. Quanto fiz até hoje, e farei (disse), é para…impedir a anexação dos povos de nossa América, ao Norte revolto e brutal que os desprecia”. Para isso reivindicou a unidade indispensável: É a hora da lembrança e da marcha unida e temos de andar, en quadro apertado, como a pratanas raízes dos Andes” convocou.

Propósito este explicito na rescem culminada reunião da CELAC na Argentina.

  1. A magnitude sem precedentes, da solidariedade internacional cubana, que explica as centenas de milhares de educadores e médicos que apoiou a numerosos países no mundo, entre eles o Brasil, se guiaram pela  ideia central da  doutrina martiana de: Pátria é Humanidade”,.
  2. “O amor cresce, cresce como o pinheiro cresce como as palmas. E desde o alto deles, se vê pequeno o mundo.” Esse poético pensamento resume a educação que todos os cubanos recebem, incluindo aos médicos onde primam os valores martianos: o amor à pátria e aos pobres da terra; a fé no melhoramento humano; a certeza de que o único modo de ser livre é ser culto; o altruísmo e a primazia do dever social; a bondade e o desinteresse, em oposição ao egoísmo, ao afã de riquezas materiais; e a convicção de que “toda a gloria do mundo cabe em um grão de milho”
  3. Estes são somente alguns argumentos que justificam nossa satisfação pela decisão de instalar, hoje, dia de seu 170º aniversário, esse magnifico busto de José Martí, neste imponente local patrimonial, que será sempre lugar de encontro para cubanos e amigos.

Muito obrigado