Dezenas de pessoas participaram de celebração em homenagem à memória do operário Santo Dias da Silva, assassinado pela Polícia Militar durante uma greve em 30 de outubro de 1979.

Como fazem a cada aniversário da morte do metalúrgico e integrante da pastoral operária, religiosos, dirigentes sindicais, amigos, parentes, militantes de movimentos populares se reuniram no último dia 30 na rua Quararibeia, na zona sul de São Paulo, onde funcionava na época a fábrica de lâmpadas Sylvania.

Um dos líderes da greve que reunia mais de seis mil metalúrgicos na cidade, Santo recebera a notícia de que a situação estava complicada naquela fábrica. Para lá se foi. Enquanto distribuía panfletos, a Polícia Militar tentava prender alguns de seus companheiros. Santo foi baleado nas costas pelo PM Herculano Leonel. O operário tinha então 37 anos. Deixou mulher e dois filhos –os três presentes na celebração deste ano, no 39º aniversário da morte do líder sindical.

Houve orações, cantos e discursos de companheiros daquela época e de lideranças inspiradas pelo trabalho e pela memória de Dias da Silva, que foi muito ligado à igreja católica: nos anos 1960, militou nas Comunidades Eclesiais de Base; na década seguinte, ajudou a fundar a Pastoral Operária da Arquidiocese de São Paulo e foi um dos mais ativos militantes do Movimento do Custo de Vida.

Movimento lembrado por várias pessoas ao longo da cerimônia, destacando que sua força estava na ligação direta com a comunidade, por causa de pessoas que iam de casa em casa levar a mensagem de luta.

Luta que segue, disse Anda Dias, viúva de Santo: “Tivemos muito sofrimento por causa do operário que caiu na luta por liberdade e justiça. Hoje choramos por isso, e ainda não temos liberdade nem justiça”.

Apontou a continuidade da caminhada: “Temos o povo que teima e vai continuar na luta. Eles derrubaram o Santo, derrubaram muitos, mas não vão matar a todos. A luta continua!”

Depois da celebração no local, a turma saiu em passeata, liderada pelo padre Jaime Crowe, da paróquia Santos Mártires, que militou com Santo na Pastoral Operária. Ele falou ao TUTAMÉIA:

“Santo era um operário muito cristão, muito comprometido na luta. Sua luta continuamos, aqui hoje. Agora, com as novas mudanças, precisamos dessa energia mais do que nunca.”