Enquanto Dilma atacava, Aécio criticava. A escolha dos verbos usados em manchetes de jornais mostra desigualdade de tratamento e provoca reações distintas nos leitores. É o que afirma Letícia Sallorenzo, jornalista e mestre em linguística, que acaba de lançar “Gramática da Manipulação” (Quintal Edições). No livro, ela analisa 340 manchetes da “Folha de S. Paulo” e de “O Globo” no período do segundo turno das eleições de 2014, de 6 a 31 de outubro.
Ao TUTAMÉIA (confira no vídeo acima), ela discorre sobre a pesquisa e disseca as ideias embutidas nos conceitos usados nos títulos. Sobre o verbo atacar, sempre usado em relação aos petistas, declara:
“PT ataca assim como Baygon mata. Na cabeça das pessoas vai se formando uma ideia de antipassivização. Isso fica na cabeça: o PT é violento”.


Letícia diz que não encontrou nenhuma manchete “que fale mal do Aécio”.
Para ela, houve, no período, erros de edição e má-fé.
“O processo de debate eleitoral descrito pela imprensa brasileira durante o segundo turno das eleições de 2014 não contemplou racionalidade, apenas ímpetos. Por mais que o lugar-comum diga que políticos são todos iguais, não era de forma igualitária que “Folha” e “O Globo” mostraram Dilma e Aécio”, escreve Letícia. E acrescenta:
“Ao perspectivar e enquadrar o debate eleitoral a partir de um processo irracional e impetuoso, a imprensa não contribui para um debate democrático. Tampouco contribui para cultivar em seus (e)leitores hábitos de análise racional”.