A extrema direita no Brasil –e no mundo—está na defensiva, mas não está derrotada. Essa é a avaliação do analista político José Luiz Del Roio ao TUTAMÉIA, abrindo uma série de entrevistas que marcam os cinco anos do serviço jornalístico.

Para ele, a tensão permanecerá por muito tempo. Há adversários de peso a serem enfrentados pelos defensores da democracia, mas a liderança do presidente Lula é capaz de superar esses obstáculos tremendos.

Integrante da Comissão Arns, Del Roio, 80, foi senador na Itália e membro da Assembleia Parlamentar da Europa em Estrasburgo. Escritor e radialista, fez parte da coordenação do Fórum Mundial das Alternativas e do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial.

Nesta entrevista, ele elenca os principais desafios para o governo Lula, analisa os desdobramentos da tentativa de golpe de 8 de janeiro, trata da conjuntura internacional e das perspectivas para a Guerra na Ucrânia.

“Não haverá pátria se o problema da fome não for resolvido. Assim como o das escolas, do SUS, da habitação popular”, afirma.

Del Roio é militante político desde os anos 1960. Atuou no PCB e na Ação Libertadora Nacional, liderada por Carlos Marighella. Na sua visão, é preciso militar na organização popular e o novo governo deve ter a capacidade de informar corretamente a população de suas realizações.

O ativista aponta caminhos de como o governo Lula poderia enfrentar os principais focos de problemas: as Forças Armadas, o conceito de religião-guerra (esgrimido por seitas neopentecostais e pela direita integralista católica), a ação da Faria Lima, a conjuntura internacional e as fake news.

“A vitória de Lula foi a maior derrota que a extrema direita sofreu no mundo”, diz Del Roio. No entanto, ressalta, esse movimento conseguiu criar uma “internacional golpista”, e exibe força especialmente na América Latina, nos Estados Unidos e nos países ibéricos.

Sobre a Guerra na Ucrânia, ele enfatiza que a União Europeia está enjaulada na ideia de destruir a Rússia. Mas é a própria União Europeia que está se destruindo no conflito.