“A demissão Sérgio Moro é a retirada de um dos pilares fortes do governo Bolsonaro. O que Bolsonaro está tentando fazer na Polícia Federal é, explicitamente, subordinar a Polícia Federal a seus bandos armados”. A avaliação é da historiadora Virgínia Fontes em entrevista ao TUTAMÉIA (acompanhe no vídeo acima e inscreva-se no TUTAMÉIA TV).
Para ela, as principais forças que estão em enfrentamento agora são forças militares regulares de perfil conservador e com tendências autocráticas e ditatoriais contra forças conservadoras de perfil protofascistas. “Bolsonaro é a face protofascista desse governo, amparado por uma pata do ‘ministério do silêncio’, que era o Moro, mais o grupo dos zero, os filhos do Bolsonaro e sua comunicação agressiva. Silêncio sobre o que de fato acontece”, diz.
“A linha de frente [do governo] é mais mobilizadora, protofascista, amparada em policiais militares, em seguranças privados, a jagunçada em geral e em milicianos”, afirma a professora da Universidade Federal Fluminense, que enxerga nesses grupos as bases das carreatas contra a quarentena. Na sua análise, a queda de Moro significa “uma derrota momentânea dos protofascistas” e mostra uma tensão mais aberta entre os grupos em disputa no poder.
Ela comenta as primeiras repercussões sobre a queda de Moro. “O empresariado está se aliando ao Moro, mas pode mudar de ideia. Na verdade, o empresariado está se comendo para garantir que não vai soçobrar, para garantir que vai ter para si próprio todos os recursos que serão abertos nessa crise, às custas de esbulhar a fundo as massas trabalhadoras. O projeto que unifica essa classe dominante desde 2016 é a extração de direitos e a exploração da classe trabalhadora. Só que agora em plena crise”, declara.
Na entrevista ao TUTAMÉIA, Virgínia fala das estratégias para as oposições e defende como central a palavra de ordem “Fora Bolsonaro!”. “As oposições têm que ter claro que o primeiro combate é o antifascista”.