Por AQUILES RIQUE REIS, músico e integrante do MPB4 desde 1965.
Aí, rapaziada! Chega mais que o papo é reto. Seguinte, broder… é com você que eu estou falando. Diga aí, mano véio, tu é daqueles que diz que o roquenrrol brasileiro tá careta? E que anda dizendo por aí que o rock não tá com nada. Vem comigo: o rock and roll tá comendo solto nas quebradas e você aí, chapadão. Se liga, nego véio.
Saca o Zé Geraldo? Broder, o cara é dinamite. Vai no YouTube, junta a galera e deixa o som te invadir. Vai à luta e depois me conta.
Olha só, o Zé Geraldo já lançou dezessete álbuns, tá ouvindo, playboy? Dezessete balas de pau puro. Eu tô aqui exatamente com o décimo sétimo na mão, Hey Zé! (Karup), versão do Zé Geraldo para “Hey Joe”, de Bill Roberts, um rocaço de fazer a peruca da véia voar.
Quanto mais eu escuto o cara cantar, a minha cabeça fica mais feita. E é com Hey, Zé! que a tampa abre. Saca alguns versos: “(…) O que cê tá fazendo com esse três oitão carregado/ Preparado pra sacar e atirar? (…) Larga essa besteira de entrar pro crime, Zé/ Não, não entra nessa, não/ Hey Zé! Se a maioridade penal for reduzida/ Você vai estragar sua vida na prisão/ A gente sabe bem/ Cadeia não recupera ninguém/ Não, não, não”.
Com a banda o couro come, forte, firme. Os arranjos são o fino da jogada. Vou só falar procê quem tá no lance: os violões especiais de Fernando Melo e Luiz Bueno, o DuoFel (chocante que eles agora foram cada um pro seu lado); Francis Rosa (violão de seis cordas); Hamilton Micca (violão de 12 cordas). Agora segura só a energia da guitarrada: Francis Rosa, Zeca Loureiro, Jean Trad, Hamilton Micca e Haroldo Santarosa – putz, arrasante; Carneiro Sândalo (batera e percussão); Rodrigo Costa (Hamond) e Hamiltos Micca (produção técnica e direção musical).
É mole ou quer mais? Mas olha só, se você não ficou afinzão de ouvir, te digo só uma coisa: perdeu, playboy! Eu continuarei aqui falando do Zé Geraldo – caboclo bão talí.
Olha só, não tô a fim de fazer comparação, não; tô fora. Só digo uma coisa: a voz rouca do Zé faz lembrar a poesia enlouquecida do hip-hop dos rappers e a “metamorfose ambulante” do Raul.
Me amarrei em “Hippie Véio Sonhador”. Sinceramente? Eu sinto que ele sou eu. Mas voltando à prosa, este rock and roll é de Zé Geraldo, Max Gasperazzo e Wanderlei Grenchi. Pura raiz contestatória: “(…) Quem sabe eu ainda seja aquele mesmo hippie véio, doido e sonhador/ Não conseguiu mudar o mundo/ Continua cantando paz e amor.” O arranjo é alucinante. Vocais: Francis Rosa, Juninho Serafranny, Paulo Garcia e Zé Geraldo; guitarras (Aroldo Santarosa); baixo, teclado base e arranjo (Cristiano Martins); batera (Herickson Souza); teclados (Petch Calasans); gaita (Hamilton Micca) e violões (Francis Rosa).
Cantando ou bradando, Zé Geraldo é a prova de que o roquenrrol Brasil continua destratando os cínicos e dando bananas pros caretas.
Participações: No CD estão os convidados Chico Teixeira, João Carreiro, grupo Folk na Kombi e Banda Mirim.
Deixar um comentário