Por Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4
Como um homem luminar, Milton Nascimento cresce a cada dia, removendo montanhas, multiplicando pães e rompendo grilhões com suas belezas profundas.
Nada em MN é pouco, tudo é epopeia. Sua timidez o protege, poucos sabem o que lhe vai à cabeça. Seus parceiros, confidentes, entregam-lhe as palavras e ele as põe no som, que cria desde sempre.
Pois bem, o pianista, compositor e arranjador Antonio Adolfo acaba de lançar no mercado internacional BruMa: Celebrating Milton Nascimento (AAM Music), álbum que reúne nove obras de Milton Nascimento com alguns de seus parceiros. As duas primeiras sílabas do título, ‘BruMa’, são homenagens a Brumadinho e Mariana, cidades mineiras vítimas de tragédias inconcebíveis.
Empreendedor, Antonio abriu caminho para o disco independente, no que foi seguido por colegas que também sonhavam ter o futuro nas mãos. E mantém um centro musical, onde estudam iniciantes e instrumentistas em busca de aperfeiçoamento.
Um parêntese: assim como Antonio Adolfo, você gosta da música e da voz de Milton Nascimento? Você é daqueles que sabe de cor as músicas de MN? Bem, se você respondeu “sim” às perguntas, eu tenho duas notícias para lhe dar, uma boa e outra ótima. Parêntese fechado.
A boa: a partir dos Estados Unidos, o disco está em todas as principais plataformas do mundo. Contudo, o CD físico só poderá ser adquirido na Amazon.
A ótima: ao ouvir o álbum, você se surpreenderá com o formato dos arranjos e do piano de Antonio, com os quais ele apresenta adaptações contemporâneas para músicas instigantes de MN. Nove composições são revistas com visão atualizada. Melodias e harmonias aparentemente definitivas desde sua criação original são subvertidas pelo talento de Antonio. Um trabalho denso, que dá novo sentido às músicas de Milton – o compositor e cantor determinante.
Assim, ó: toda inspiração, por mais criativa e arrojada que seja, só será percebida integralmente se tocada por instrumentistas experientes e virtuosos.
Eis os especialistas convidados por AA: Cláudio Spiewak, Lula Galvão e Léo Amuedo (guitarras), Jorge Helder e André Vasconcellos (contrabaixo), Rafael Barata (bateria e percussão), Dadá Costa (percussão), Jessé Sadoc (trompete e flugelhorn), Marcelo Martins (flauta contralto e sax tenor), Danilo Sinna (sax alto) e Rafael Rocha (trombone).
Delicie-se com “Fé Cega, Faca Amolada” (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos), “Nada Será Como Antes” (MN e Ronaldo Bastos), “Outubro” (MN e Fernando Brant), “Canção do Sol” (MN), “Encontros e Despedidas” (MN e Fernando Brant), “Três Pontas” (MN e Ronaldo Bastos), “Cais” (MN e Ronaldo Bastos), “Caxangá” (MN e Fernando Brant) e “Tristesse” (MN e Telo Borges).
As músicas são coisa de louco, merecedoras de aplausos. E o que dizer de introduções, intermezzos e improvisos? Ora, da mesma forma, atestam a genialidade de Antonio Adolfo e Milton Nascimento.
Enfim, neste novo trabalho, Antonio Adolfo confere ainda mais excelência a música de Milton Nascimento.
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