O levante paulista de 9 de julho de 1932 foi uma contrarrevolução oligárquica, xenófoba, racista e apoiada por potência estrangeira, os EUA. É o que aponta Francisco Quartim de Moraes, 33, em entrevista ao TUTAMÉIA. O historiador está lançando “1932, A História Invertida” (Editora Anita Garibaldi/Fundação Maurício Grabois), no qual desmonta os mitos em torno da falsamente denominada “Revolução Constitucionalista”.
Na conversa (que você acompanha no vídeo acima), Quartim de Moraes expõe os fatos que antecederam o levante, trata da campanha midiática e ideológica promovida pela oligarquia e analisa as consequências da guerra.
Identifica ecos das forças retrógradas de 1932 em outros momentos históricos do país: o golpe militar de 1964, a ascensão de Fernando Henrique Cardoso, o golpe de 2016 e a prisão de Lula. A tentativa de derrubar a herança getulista é traço comum em todos esses pontos.
Quartim de Moraes disseca os interesses econômicos por trás das forças em choque. Fala de como foi construída a versão dominante para o episódio –a que que os paulistas lutavam pela democracia, pela constituinte, contra a ditadura. Nada disso é verdadeiro. Se os revoltosos queriam uma Constituição, era a volta da de 1891, da República Velha.
O historiador descreve a batalha ideológica daquele tempo, mostrando que houve um enxame de fake news –o que acabou por galvanizar boa parte da população do Estado. Ele relata a forte repressão aos operários promovida pelos adeptos do movimento paulista. E lembra uma palavra de ordem dos revoltosos: “Uma luta de Jesus contra Lenine”.
Qualquer semelhança com o debate ideológico de hoje não é mera coincidência. (Colaborou Laura de Lucena)
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