“#REINTERPRETA JÁ STF!” é a palavra de ordem lançada pelo Movimento Vozes do Silêncio, que reúne diversas organizações de defesa dos direitos humanos e de luta pela preservação da memória política do Brasil. Em ato virtual realizado nesta quarta-feira, 31 de março, foi lido manifesto que afirma: “Para os torturadores e assassinos da ditadura militar não pode mais caber a anistia nem a prescrição, pois os torturadores e suas vítimas estão envelhecendo e morrendo sem terem a necessária oportunidade de verem sendo feita, mesmo que tardia, JUSTIÇA!”
Organizado pelo Núcleo de Preservação da Memória Política e pelo Instituto Vladimir Herzog, com apoio de TUTAMÉIA na retransmissão ao vivo, o ato teve a participação de ex-presos políticos, de familiares de patriotas assassinados pela ditadura militar e de vários artistas (clique no vídeo acima para ver o ato público na íntegra e se inscreva no TUTAMÉIA TV).
Confira a seguir a íntegra do manifesto e a lista das entidades subscritoras originais:
“#REINTERPRETA JÁ STF!”
Pela reinterpretação da Lei de Anistia!
É urgente que o judiciário brasileiro julgue os torturadores e assassinos da ditadura militar.
O autoritarismo e a brutalidade continuam na atuação dos operadores do sistema de justiça
nacional. Policiais, juízes, promotores e delegados convivem com a tortura e com a violação
dos direitos mais básicos das pessoas, sejam culpadas ou inocentes. Os agentes públicos
que praticam violências contra pessoas indefesas e que manipulam e falsificam processos
criminais por interesse político ou ideológico se alimentam da impunidade dos agentes da
ditadura.
O Brasil já foi duas vezes condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos por não
julgar os torturadores da ditadura.
Ao descumprir as duas sentenças, o país tornou-se um pária na comunidade internacional.
A decisão do Supremo Tribunal Federal em 2010, que considerou a anistia compatível com
a Constituição, não é condizente com os pactos internacionais e o STF deve rever o seu
posicionamento com urgência. Reinterpretação já!
As Forças Armadas, que deveriam defender todos as pessoas brasileiras e a soberania
nacional contra ameaças externas, até hoje não pediram desculpas pelos crimes contra a
humanidade e pela ruptura da institucionalidade democrática que patrocinou, e continuam
homenageando torturadores e cultivando um pensamento autoritário e golpista contra seu
próprio país e sua gente.
Para os torturadores e assassinos da ditadura militar não pode mais caber a anistia nem a
prescrição, pois os torturadores e suas vítimas estão envelhecendo e morrendo sem terem
a necessária oportunidade de verem sendo feita, mesmo que tardia, JUSTIÇA!
VOZES DO SILÊNCIO
Assinam este manifesto:
– Instituto Vladimir Herzog
– Núcleo de Preservação da Memória Política
– Comitê Memória, Verdade e Justiça para a Democracia (CMVJD-PE)
– Coletivo RJ Memória Verdade Justiça e Reparação (CMVJR-RJ)
– Filhos e Netos por Memória Verdade e Justiça (FNMVJ-RJ)
– KEtnicoEduc – Consultoria Educacional para as Relações Étnico-Raciais
– Núcleo Maximiliano Kolbe de Direitos Humanos – NMK
– Movimento de Mulheres Judias Me Dê Sua Mão
– Observatório Judaico dos Direitos Humanos Henry Sobel
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