“É preciso que todo mundo abra mão de suas vaidades para que se consiga fazer uma unidade para lutarmos pela liberdade, contra o fascismo”. O chamado é do cineasta Silvio Tendler em entrevista ao TUTAMÉIA (acompanhe no vídeo acima e se inscreva no TUTAMÉIA TV) na qual falou da conjuntura política, dos novos filmes que está produzindo e do desmonte da cultura realizado por Bolsonaro.
Tendler está à frente do Manifesto pela Unidade Antifascista que já reúne seis mil assinaturas e soma mais de 80 mil acessos em sua página no Facebook (para aderir veja o link ao final do texto). A ideia do documento surgiu a partir de um texto do sociólogo Luiz Eduardo Soares (que você acompanhou no TUTAMÉIA aqui), que defende:
“Diante da dupla catástrofe – a pandemia e Bolsonaro – e das eleições municipais, não podemos pensar e agir como antes. Não será outra eleição dentro da normalidade democrática. Por isso mesmo, é imperioso que cada um de nós adie seus legítimos projetos próprios e se abra, desarmado, para uma grande concertação de todas as forças antifascistas, as quais, vale enfatizar, não se esgotam nas esquerdas”.
Nesta entrevista, Tendler comenta a multiplicidade de manifestos que circulam no país. “É importante a diversidade. Essa pluralidade é mais do que necessária para a democracia. Que todo mundo que se identifique nessa luta antifascista se organize. Nosso manifesto pede unidade de todas as forças que sejam contra o fascismo. Sem veto, sem a gente dizer esse pode, esse não pode. Todo mundo que quiser lutar contra o fascismo me representa”, afirma.
Diretor de clássicos do cinema nacional, Tendler percorreu períodos tensos e conflituosos do Brasil em obras como “Jango” (1984) e “Os Anos JK” (1980). É olhando a história que ele argumenta pela importância do movimento antifascismo. Fala da aliança entre Franklin Roosevelt, Joseph Stalin e Winston Churchill para combater e vencer o nazismo e o fascismo na Segunda Guerra Mundial. No Brasil, trata da frente que Jango, Lacerda e JK formaram para combater a ditadura. “Imagino quanto deva ter sido doloroso para o Jango, no exílio, receber o Carlos Lacerda. E quanto foi doloroso para o Lacerda ir falar com Jango. É a grandeza de políticos que tiveram que se aliar com inimigos e adversários. Essa grandeza desses homens políticos é que nós devemos ter hoje no Brasil. E parar com essas coisas de: ‘não chamo esse para assinar’, aquele ali não pode estar ao meu lado na fotografia’. Isso daí é uma infantilidade política que nós não estamos em condições de ficar vivendo”.

A seguir, a íntegra do manifesto.

MANIFESTO PELA UNIDADE ANTIFASCISTA

Quem valoriza e defende o Estado Democrático de Direito acompanha, a cada dia, a maneira como o país vai sendo empurrado para o abismo, com ameaças seguidas de golpe por parte de Bolsonaro.
O que nos resta de democracia e de respeito constitucional está se esvaindo de forma veloz enquanto o fascismo avança.
Agora, diante da dupla catástrofe – a pandemia e Bolsonaro – e das eleições municipais, não podemos pensar e agir como antes. Não será outra eleição dentro da normalidade democrática.
Por isso mesmo, é imperioso que cada um de nós adie seus legítimos projetos próprios e se abra, desarmado, para uma grande concertação de todas as forças antifascistas, as quais, vale enfatizar, não se esgotam nas esquerdas.
Não é hora de fazer cálculos para 2022, simplesmente porque as eleições de
2022 estão em risco, como as vidas de todos e todas nós pela ameaça de um golpe.
O governo aposta no caos, anseia por saques, desespero popular, estados falidos, Congresso dividido, Supremo chantageado, tudo isso enquanto o fascismo assalta mais e mais as instituições.
As milícias estão a postos, segmentos policiais estão a postos, grupos se armam e setores das Forças Armadas talvez sejam sensíveis a uma eventual convocação do Planalto, mesmo contra a opinião da cúpula militar.
É urgente que cada um de nós reconheça a magnitude do desafio e trabalhe em todos os níveis, em todas as instâncias, para a formação de uma ampla frente antifascista.
Nas próximas eleições municipais é preciso a união de todos e todas em torno das candidaturas capazes de ampliar o movimento democrático e de competir para vencer, em nome da resistência antifascista. A credencial indispensável é o compromisso claro de enfrentar o fascismo em todas as suas dimensões.
Nós, cidadãos e cidadãs brasileiras, apelamos às lideranças democráticas que se mostrem à altura de nosso tempo e se empenhem na formação de um pacto antifascista.
28/05/2020
Assinam:
Luiz Eduardo Soares – Antropólogo
Silvio Tendler – Cineasta
Flora Sussekind – Ensaísta e crítica literária
Eric Nepomuceno – Escritor
Isabel Lustosa – Historiadora e cientista política.
Chico Buarque – Compositor e escritor
Carol Proner – Jurista
Celso Amorim –Diplomata e ex-ministro de Relações Exteriores e da Defesa
Miriam Krenzinger – Professora da UFRJ
Luiz F. Taranto – Jornalista
Tereza Cruvinel – Jornalista
Boaventura Souza Santos – Professor e sociólogo
José Gomes Temporão – Médico sanitarista e ex-ministro da Saúde
Afrânio Garcia – Maître de Conferénces EHESS, Chercheur CESSP
Fábio Konder Comparato – Prof. Emérito da Faculdade de Direito da USP
Renato Janine Ribeiro – Filósofo e ex-ministro da Educação
Gregório Duvivier – Ator, dramaturgo, escritor e poeta
Roberto Amaral – Escritor e ex-ministro da Ciência e Tecnologia
Ennio Candotti – Físico ítalo-brasileiro e Diretor do Museu da Amazônia
Marieta Severo – Atriz, e produtora cultural
Aderbal Freire-Filho – Dramaturgo, ator e Diretor teatral
Bob Fernandes- Jornalista
Tarso Genro, advogado, ex-governador do RS e ex-ministro da Justiça.
Marco Aurelio de Carvalho – Advogado
Arnaldo Antunes – Cantor e Compositor
Luiz Jorge Werneck Viana – Sociólogo, PUCRJ.
Caetano Veloso – Cantor e compositor
Paula Lavigne – Produtora cultural
Beatriz Resende- Crítica literária, UFRJ.
Marilza de Melo Foucher – Dra em economia – Sorbonne Paris 3
Flávio Wolf de Aguiar – Escritor, jornalista e prof aposentado da FFLCH/USP
Michel Misse – Sociólogo e prof. IFCS/UFRJ
Liszt Vieira – Advogado e Sociólogo
Ricardo Vieira Coutinho – ex-Governador da Paraíba
Dulce Pandolfi – Historiadora e pesquisadora
Maria Helena Arrochellas – Teóloga
Bia Lessa – Diretora de teatro
César Barreira – Professor Titular da Universidade Federal do Ceará
José Manoel Carvalho de Mello – Prof. Aposentado – UFRJ
Fernando Morais – Jornalista
Sonia Fleury – Dra. em Ciência Política
Silvia Capanema – historiadora, Prof. na Univ Paris 13, Sorbonne Paris Nord; Deputada departamental de Seine-Saint-Denis
Luis Antonio Silva – Sindicalista e Pres. Fed. dos trab. em Telecom-Livre
Vanessa Grazziotin – ex senadora e dirigente nacional do PCdoB
Leneide Duarte – Plon – Jornalista e escritora
Altamiro Borges – jornalista
Joel Zito Araújo – Produtor e Diretor/Casa de Criação Cinem
Ivan Lins – Músico
Antonio Grassi- Ator
Luiz Fernando Dias Duarte – Prof. UFRJ e Pres.Assoc.Museu Nacional
Lucia Murat – diretora de cinema
Marcio Abreu – diretor teatral
Aida Marques – montadora, cineasta e professora da UFF.
Paulo de Moraes – diretor teatral.
Pedro Bricio – ator e dramaturgo
Georgette Fadel – atriz e diretora teatral
Pedro Kosovski – dramaturgo, ator e encenador.
Malu Valle – atriz.
Orã Figueiredo – ator.
Betti Rabetti – teatróloga e professora da Unirio.
José Da Costa – professor da Unirio.
Márcia Zanelatto – dramaturga e roteirista.
Kelsy Ecard – atriz.
Aline Mohamad – produtora teatral.
Angela Leite Lopes- Teatróloga e tradutora
Ernesto Neto- Artista plástico
Natalia Guindani- Antropóloga e artista visual
Vilma Peres – Historiadora docente/UNIFESP
Adalberto Cardoso – Professor do IESP-UERJ
Laerte Coutinho – Jornalista
Vladimir Sacchetta – Historiador e Pesquisador
Bernardo Ricúpero – Cientista político/USP
Marcelo Ridenti – Prof. Titular Sociologia no IFCH/UNICAM
Marcos Costa Lima – Prof. Depto de Ciência Política da UFPE
Noilton Nunes – Cineasta
Tonico Pereira- Ator
Carlos Eduardo Braga Ferrão – Programador Visual Cruz
Hildegard Angel – Jornalista
Eryk Rocha – Cineasta.
Leonardo Boff – Teólogo
Lígia Bahia – UFRJ e CEBES
Otavio Velho – Antropólogo
Juca Kfouri – Jornalista
Gloria Kalil – empresária e jornalista
Patrícia Birman – professora Titular de Psicologia e antropologia da UERJ
João Trajano Sento-Sé – Cientista político, professor UERJ
Leandro Saraiva – Professor da UFSCar e roteirista
Eliana Sousa Silva- Ativista Social e Professora
Mariana Weigert – professora de Direito Penal e Criminologia
Salo de Carvalho – Professor e Advogado
Pedro Abramovay – Advogado
Francisco Carlos Teixeira da Silva- historiador e professor da UFRJ
Maria Helena Thiercelin dos Santos- Geógrafa
Marcos Pamplona – Historiador e Professor
Lígia MCS Rodrigues – Física SBPFe Feminista
José Maurício Bustani – Diplomata aposentado
Vicente Guindani – Músico e Geógrafo
Heloisa Buarque de Hollanda – Professora emérita UFRJ
Tainá de Paula- Presid. Relações Institucional IAB- RJ
Ingrid Sarti – Professora Titular de Ciência Política – IFCS/UFRJ
Ana Maria Cavaliere – Faculdade de Educação UFRJ
Márcio Arnaldo da Silva Gomes – Médico
Amir Haddad – diretor teatral
Frederico Lustosa – Professor
Antonio Herculano – Fundação Casa de Rui Barbosa
Moacir Palmeira – UFRJ
Ângela de Castro Gomes – Historiadora
Kátia Gerab Baggio – Profa. de História das Américas – UFMG
Isabel Travancas – professora ECO- UFRJ
Illana Strozemberg- Antropologia, Professora Letras/ PACC UFRJ
Luciana Boiteux- Professora de Direito Penal e Criminologia

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