Existe uma rebelião no Brasil; ela está em cada um de nós. Precisamos nos unir numa felicidade guerreira contra esse governo boçal. Essa foi a conclamação de Zé Celso ao final da apresentação de “O Rei da Vela”. TUTAMÉIA capturou as imagens do discurso indignado do veteraníssimo ator e diretor para a plateia entusiasmada que lotou ontem (24.2) o Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo.
“Tem que botar esse cara para fora!”, disse o diretor teatral, referindo-se a Temer –que considera parte de “um elenco de gente sem talento”.
O público aplaudiu quando Zé Celso lembrou que, no mesmo Rio de Janeiro onde hoje ocorre uma intervenção militar, já vigorou uma época onde as crianças, nos Cieps, recebiam educação, alimento, esporte, cultura. “Cadê Leonel Brizola?”, perguntou, homenageando o governador que implantou essas políticas sociais no Rio nos anos 1980 e 1990.
Zé Celso protestou contra o retrocesso que significa a intervenção no Rio: “Não dá!”. Nesse contexto, disse que “O Rei da Vela” exprime “a rebelião que existe no Brasil, que está em cada um de nós, está subjacente”.
E conclamou: “É o momento de a gente se juntar, em uma felicidade guerreira, e não deixar que continue a acontecer o que está acontecendo agora no Brasil”.
O diretor disse que, se Lula for candidato, vota nele: “Lula tem um talento extraordinário, representa socialmente o Brasil. O povo o vê como via Getúlio Vargas”.
Se não for possível votar em Lula –e esse foi o objetivo do golpe de 2016, assinalou Zé Celso–, citou Guilherme Boulos e Sônia Guajajara, nomes cotados pelo Psol.
Aos 80 anos, José Celso Martinez Correa começou sua fala recordando as origens de “O Rei da Vela”, peça escrita por Oswald de Andrade em 1933 e só publicada em 1937. A primeira encenação foi dirigida por Zé Celso em 1967, em plena ditadura militar, e se transformou em um símbolo de resistência ao regime.
Cinquenta anos depois, no ano passado, a peça voltou a ser encenada em São Paulo, no Sesc Pinheiros, e foi aplaudidíssima. Trouxe no elenco o próprio Zé Celso e Renato Borghi –repetindo o elenco de 1967. Agora está em nova temporada (que se encerra hoje) e deve voltar em outro teatro.
Zé Celso falou de sua luta pelo Teatro Oficina, no Bixiga, que “está cercado, em guerra” –numa menção ao conflito com o empresário Silvio Santos, que pretende construir espigões no entorno do teatro projetado pela ousada Lina Bo Bardi.
“Estamos explodindo para continuar”, disse. E saiu, com sua trupe, cantando: “Abram alas, deixa o Oficina passar!”.
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