Por AQUILES RIQUE REIS, vocalista do MPB4
Aqui vai o meu comentário sobre o recém-lançado CD Cant´duRio – Na onda de João 73 (Mills Records): destaque para o maestro Paulo Malaguti Pauleira, responsável pelo coral Cant´duRio.
Ao nomear seus integrantes, expresso meu respeito e minha admiração por vocalistas que cantam até a voz se aproximar da excelência. Ofício árduo, mas fascinante. Ei-los:
Sopranos: Ana Calvente, Carla Francalanci, Claudia Osorio, Dalny Cesar, Leila Menna Barreto, Maria Helena Salomon, Patricia Hessab, Silvia Carvalho, Valéria Motta. Contraltos: Alessandra Bax, Denise Reigada, Luna Messina, Marilene Castilho, Soraia Castrioto. Tenores: Bernardo Quadros, Flavio das Neves, Pedro Fernando, Rogério Medeiros e Rogério von Krüger. Baixos: Amilcar Wolff Starosta, Daniel Garcia, Dhenni Santos, Eduardo Lopes e José Lincoln Neves.
Ficha técnica: Produção Geral: Paulo Malaguti Pauleira e Paulo Brandão. Arranjos: Paulo Malaguti Pauleira. Regência: Paulo Malaguti Pauleira. Violão: Paulo Malaguti Pauleira. Piano: Paulo Malaguti Pauleira. Percussão: Marcelo Costa. Ensaios e preparação de naipes: Christian Bizzotto. Preparação vocal: Deco Fiori e Coordenação Geral: Alexandre Ramos.
A ideia do trabalho é recriar com vozes as 10 músicas interpretadas por João Gilberto. Com seu jeito único de dividir frases melódicas em métricas insuspeitadas, gravado em 1973, o LP ficou conhecido como o “álbum branco” de João Gilberto.
O repertório é digno de um intérprete cujo violão, assim como seu canto, é fascinante. Por mais singela que seja a música que João cante, sua interpretação resultará sempre inimitável.
“Inimitável”? Mas como, se aqui está o álbum Cant´duRio – Na onda de João 73, um trabalho que recompõe meticulosamente o canto e o violão criados pela genialidade de um intérprete que marcou uma geração?
Reconheço a falha e aplaudo o Cant´duRio e seu maestro multiplicador de cantares – eles sacudiram a música vocal brasileira. E saúdo-os pela busca desafiadora de cantar como cantou JG.
A tampa abre com “Águas de Março” (Tom Jobim), que não deixa dúvida de que ouviremos genialidades.
“Na Baixa do Sapateiro” (Ary Barroso) tem a originalidade que Pauleira recorreu para cantar como João cantou.
“Avarandado” (Caetano Veloso): com a benção de JG, o Cant´duRio leva ao infinito a canção que o mestre cantou.
“Eu Vim da Bahia” (Gilberto Gil), o samba cantado por JG revive nas vozes do coral.
“Undiú” (João Gilberto), baiãozinho espertão – a cantoria se esbalda.
“É Preciso Perdoar” (Alcivando Luz e Carlos Coqueijo), samba que o coral sabia que com ele JG dava show.
“Valsa – Como São Lindos os Youguis” (João Gilberto), homenagem de JG à filha Bebel, que o coral emociona e consagra.
“Falsa Baiana” (Dorival Caymmi) confirma a excelência do arranjo de Paulo Malaguti.
“Izaura” (Roberto Roberti, Herivelto Martins) fecha a tampa.
Aclamo o maestro Paulo Malaguti Pauleira, enalteço os vocalistas do Cant´duRio e louvo o vocal que tem na união o seu propósito maior.
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