por AQUILES RIQUE REIS, vocalista do MPB4
Hoje falaremos sobre o trabalho de um músico mineiro: Heitor Branquinho. Em H3itor 3ranquinho (Soleira Produções), seu terceiro CD, Branquinho reforça a certeza de que é nas Gerais que habitam alguns dos seres musicais mais fascinantes desse país.
Hoje, assustado pelo vírus ainda incurável e em meio a uma rigorosa quarentena, do alto de meus 71 anos eu faço tudo o que posso para evitar ser mais um número na lista de vítimas. Perdoem-me o desabafo, mas ele serviu para dizer-lhes que, apesar do furdunço da minha mesa, consegui encontrar o que procurava: o CD de Heitor Branquinho.
Após pedir-lhe o release do álbum, ele não só descreveu a sua concepção e a ficha técnica, como ainda ensinou como se deve nomear seu disco, o primeiro em mais de 10 anos.
Fala Branquinho:
“Este álbum não se chama ‘Três’ (foto Divulgação), mas doravante será assim chamado. Pois ele é forçosamente digital.”
A ele respondi: “‘Três’ tem viés de tudo um pouco. Seja pop ou canção, tudo brota feito água limpa nas cacimbas das matas; ‘Três’ tem viço, tem viola, tem guitarra e violão. Mas ‘Três’ tem mais: tem voz e música! Música e voz de Heitor Branquinho; delas emanam o sabor da comida mineira, o gosto da cachaça e do café ao pé do fogão à lenha; delas nascem a obra de Branquinho, que embute o linguajar e os hábitos de um povo espontâneo e simples em seu convívio cotidiano; música que ressoa verdades na alma de Minas Gerais. O coração de Branquinho pulsa ao movimento do compasso que cerze a música que não é só dele, é de todos os que amam a boa música”.
Por favor, Branquinho, complete, pedi:
“Muito mais do que três, Três Pontas, mil corações: ‘Três’ tem parcerias, participações, solos livres, tem liberdade.”
E arremata: “Gravado na concepção de quarteto e com participações especiais dos conterrâneos Wagner Tiso (maestro e pianista) e Hugo Branquinho (irmão de Heitor, também cantor e compositor), conta ainda com a participação especial do baixista Yuri Popoff e parcerias com Roberta Campos, Fernanda Mello e Claudio Nucci, dentre outros”.
No disco H3itor 3ranquinho, ou ‘Três’, como quer Heitor, ele e seus parceiros revelam elegância em suas mineirices de ser e fazer música: fazem exercício de fé com as palavras, como bem ensinou Fernando Brant; dão brilho a melodias e harmonias, como ensina Beto Guedes; e entoam o canto enérgico e admirável de Milton Nascimento.
Heitor gravou quatro músicas só dele, cinco com parceiros diversos e uma de autoria de outros compositores. São 10 canções, além de duas como bônus, juntando a riqueza do fazer música mineira com o jeito de cantar suave. Enquanto as pegadas do pop e das canções flutuam, as melodias são valorizadas pelos arranjos. Letras, melodias e harmonias caminhando como gêmeas univitelinas, de mãos dadas.
Um compositor e cantor que mostra estar de corpo presente e ligado na arte de compor e cantar. Esse é Heitor Branquinho, um compositor e cantor nascido numa terra que exala música vida afora: Minas Gerais.
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