“A elite jurídica pensa com um padrão estadunidense e cai no eixo de gravidade do capital. O capital tem ódio mortal a Lula. A aposta do capital é fazer com que o procedimento eleitoral seja manietado em favor de um controle rígido em que não escape nada para a vontade do povo”. É o que afirma Alysson Leandro Mascaro em entrevista ao TUTAMÉIA (acompanhe no vídeo acima e inscreva-se no nosso canal).
“A pergunta central é: Quem manipula o direito? Na maioria das vezes, a opinião dos grandes poderes do no campo jurídico tem concordado com as linhas de poder de domínio econômico que fizeram o golpe”, declara.
Filósofo do direito e professor da USP, Mascaro descreve as mudanças no mundo jurídico, que ganhou importância na última década.
“Abandonamos o modelo brasileiro de pensar o direito. Faculdades preferem ter nomes estrangeiros. Há uma geração de juristas que se formou fazendo pesquisa no exterior, mestrado, doutorado. Juristas hoje pensam a partir da lógica estrangeira e decidem a partir de um complexo antibrasileiro. Batem palma para o Tio Sam. A cultura jurídica se rebaixou”.


Ao TUTAMÉIA, Mascaro fala sobre seu novo livro, “Crise e Golpe”, lançado agora pela Boitempo. Trata das mudanças de comportamento dos personagens do Judiciário, do conservadorismo e da ascensão das ideias fascistas no Brasil. “O leito do rio é 1964 (golpe militar), não 1988 (Constituição). O fundo do poço vai ser maior ainda, haverá mais decadência”, opina.
“Depois que Dilma caiu por pedalada qualquer coisa é possível”, diz. Defendendo o socialismo, ele advoga a necessidade de o campo da esquerda ampliar a “disputa ideológica”. Falando de resistência, anota que, apesar dos reveses, “quase metade da população brasileira resiste ao fascismo”.