Por AQUILES RIQUE REIS, vocalista do MPB4

Ó divina deusa, imagino-te perspicaz e rigorosa em teus objetivos, pois tua frondosa ramagem paira soberana sobre as árvores desde a Amazônia brasileira. Humildemente, dirijo-me a ti para reverenciar tua missão de dar ao mundo a beleza que concedes apenas a alguns seres humanos, dando-lhes o direito de absorver teu dom de criar.

Ó poderosa Criatividade, felicito-te pela mão posta sobre a cabeça de Felipe Senna, criador e diretor do Câmaranóva, grupo de dezesseis instrumentistas, todos virtuosos e capazes de produzir arrebatamentos mil. Tudo em Câmara Brasileira (Maritaca), o álbum de estreia de Felipe Senna & Câmaranóva, apresenta itens de teus ensinamentos.

Sem sacanagem, dona Incrível, os caras são bãos (vixe, que agora eu pirei legal)! Todos tocam em todos os arranjos e a criatividade ilimitada vibra. E teu nome inteiro ali, a demonstrar tua capacidade de ensinar a seduzir.

Ó só, dona IC, o Câmaranóva (criado em 2017, lembra, né?) gravou músicas de craques da cena instrumental: Amilton Godoy, Silvia Goes, Filó Machado, Edu Ribeiro, Léa Freire, Douglas Braga, Arismar do Espírito Santo e do próprio Felipe Senna.

Logo ouve-se “Turma Toda”, do Arismar. Menina, desde a intro até a liberdade de ousar que tem Arismar, Felipe Senna entrega aos músicos um arranjo que revela a tempestade criativa e ilimitada do autor – coisa de se ouvir certo de que nada ali carece de comedimento, é de se aplaudir de pé. Prova cabal de que teus ensinamentos se mantêm vivazes, laboriosa musa.

Em “Três Valsas” (Silvia Goes), Criatividade, tu certamente instigaste a criação de mais um arranjo supimpa de Senna: o cello sola, e o quarteto de cordas, com o cello já de volta à lida, traça o desenho cuja formosura dá alma ao tema. A seguir, fagote e clarinete cerzem a vida.

“Jeu Nº. 5” (Felipe Senna) é outro arranjo em que a desafetação impera. Cello, piano e clarinete viajam bonito sob o céu claro, trazendo a brisa que limpa o ar… Estás aí toda prosa, né, dona Criatividade, tô só vendo.

E “Turbulenta”, de Léa Freire (ela que divide o arranjo com Senna), cujo sopro de sua flauta traz a pisada do baião, que por fim resta arritmo? Meu Deus do céu!

Incrível Criatividade, fizeste de tudo para teus discípulos concretizarem o trabalho, para que então pudéssemos homenagear seus dons, né, moça generosa? Fala sério!

Pois bem, Bruno Soares (trompete e flugelhorn), Douglas Braga (saxofones soprano, alto e barítono), Eder Grangeiro (violino), Erick Ariga (fagote), Felipe Senna (piano), Gabriela Machado (flautas soprano e alto), José Luiz Braz (clarinete alto), Léa Freire (flautas soprano, alto e baixo), Leandro Lui (percussões), Marisa Lui (clarinete), Rafael Cesário (cello), Ramon Andrade (violino), Ricardo Camargo (eufônio), Thais Morais (violino), Tiago Vieira (viola) e Vitor Ferreira (trompa), sintam-se incrivelmente abraçados.

E para Sra., Incrível Criatividade, desejo vida longa… e que me perdoe a intimidade.

 

Aquiles