Nestes tempos de notícias falsas, enrolações, mal entendidos e desentendidos, talvez não passe um dia sem que alguém não diga a outro: “Entendeu? Ou que que eu desenhe?”
Pois agora, para quem até agora não entendeu o golpe que massacra a democracia brasileira, escraviza nosso povo, desmonta a Nação e entrega as riquezas da pátria, a coisa ficou fácil: tá tudo desenhadinho, tintim por tintim. E fácil de consultar, visitar, compartilhar: na ponta do mouse, como a gente dizia nos tempos em que não sei fazia tudo com os dedos nas telas dos celulares.
Estou falando da exposição virtual “Dois Anos de Golpe”, que alinhava desenhos, cartuns e ilustrações do artista gráfico Fernando Carvall –colaborador deste TUTAMÉIA—sobre a orquestração que jogou no lixo os mais de 54 milhões de votos que elegeram Dilma Rousseff e, na sequência, tenta impedir o povo brasileiro de votar em que deseja.
A exposição foi montada pelo coletivo Brado – Nova York, um agrupamento de brasileiros que, no exterior, denuncia e combate o golpe (Brado é sigla para Brazilian Resistance Against Democracy Overthrow; literalmente resistência brasileira contra a derrubada da democracia).
Na apresentação do projeto, que VOCÊ PODE CONFERIR CLICANDO AQUI, eles dizem: “O dia 31 de agosto de 2016 ficou marcado na história como a data da oficialização de um dos momentos mais dramáticos da democracia brasileira: o golpe de Estado institucional, que foi posto em curso através do impeachment da presidente Dilma Rousseff. A partir de então, o País tem sido vítima de uma sucessão de eventos engendrados com colaboração de poderosos representantes do interesse econômico internacional e por meio de uma perseguição político-judicial, que levou à criminalização de partidos políticos e movimentos sociais comprometidos com a luta por igualdade. Um dos ápices deste processo antidemocrático foi uma série de acusações infundadas e um julgamento repleto de arbitrariedades e desrespeito à Constituição ao qual foi submetido o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Figuras do judiciário se valeram da inflamação do fascismo, do espetáculo midiático e do autoritarismo para praticar lawfare e interferir nas eleições presidenciais de 2018. Com um olhar sarcástico, traços precisos, conhecimento histórico e crítica afiada, o cartunista e ilustrador Fernando Carvall retratou a trajetória do golpe; seus contextos, fatos e alguns de seus principais personagens”.
Carvall tem 54 anos e, como já disse acima, é colaborador deste nosso projeto jornalístico –também colabora com os portais Nocaute e Opera Mundi. Antes, porém, já fez muita outra coisa: paulistano, é formado em artes plásticas pela FAAP e pós-graduado em animação pelo Senac. Foi aluno do Ziraldo e colabora como caricaturista e ilustrador com a Folha de S. Paulo desde 1990 e Valor Econômico desde 2011. Docente da Faculdades de Design Gráfico do Senac, Multimeios da PUC e Instituto Europeu de Design. É sócio no Estúdio Saci com atuação em design, ilustração e animação desde 2002.
Cada desenho escolhido pela curadora Amanda Lisboa é acompanhado de um pequeno texto que situa a ilustração no tempo e no espaço –e a mostra virtual tem também versão em inglês, AQUI.
O cartum que selecionei para destaque, por exemplo, é o ‘Greve dos Caminhoneiros I’ (2018), e vem com a seguinte contextualização: “O governo servil e pró-imperialismo de Michel Temer entregou a Petrobrás e o controle do preço do combustível às organizações internacionais. De um país que desenvolveu tecnologia própria para extração e refino de petróleo e que se tornou autossuficiente em energia, o Brasil regrediu e teve de exportar petróleo para comprar combustível por preços submetidos ao valor do dólar”.
O terrível e, para muitos, criminoso incêndio que destruiu o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, permite ainda, nos dias de hoje, dar outra leitura à obra de Carvall, que reproduzo a seguir mais uma vez na sua integralidade, sem os cortes automáticos feito pelo sistema de publicação deste site.
Deixar um comentário