As manifestações de rua estão proibidas na França, por causa do pandemia, mas milhares de pessoas participaram de atos em Paris e outras cidades nesta terça-feira, 2/6. Foram contra a violência policial que vitimou Adama Traoré, um jovem negro de 24 anos morto duas horas depois de detido numa delegacia nos arredores de Paris, em 2016. A família convocou um protesto, e 40 mil pessoas foram às ruas nas principais cidades francesas (Paris, Marseille, Lille, Nantes), ecoando também o movimento que há dias toma conta dos EUA em repúdio ao assassinato de George Floyd por policiais de Minneapolis.
TUTAMÉIA conversou com Izabella Borges, professora universitária e tradutora que vive na França. Ela avaliou a abrangência dos protestos, suas raízes e seus desdobramentos (acompanhe no vídeo acima e se inscreva no TUTAMÉIA TV). Falou do movimento dos coletes amarelos, que enfrentam também a violência policial, e dos efeitos da pandemia para as populações europeias.
“A pandemia trouxe uma visibilidade social para as pessoas muito sofridas, que não conseguem se manter com um mínimo. Como nos protestos dos coletes amarelos, é uma população que se sente excluída do bem viver. É um grupo social invisível, que se achava invisível e que entendeu que é essencial agora. São as caixas de supermercados, os lixeiros, os professores, os que ganham baixos salários. Eles estão entendendo que valem muito e que são essenciais para a vida”, afirma.