“A reforma da Previdência vai aumentar a pobreza e reduzirá a renda da classe média”. É o que afirma o economista Pedro Paulo Zahluth Bastos em entrevista ao TUTAMÉIA (acompanhe no vídeo acima).
Professor da Unicamp, Bastos destrincha os vários pontos do projeto em discussão no Senado, apontando como a reforma aumenta desigualdades, excluindo a possibilidade real de aposentadoria para um enorme conjunto de trabalhadores.
“ A reforma diz atacar privilégios, mas na verdade sustenta privilégios, como os de militares e políticos. É preciso se organizar para entender a reforma, lutar e pressionar para que essa reforma excludente e que vai fazer aumentar a pobreza no país não passe no Senado”, declara
Na entrevista, o economista trata da conjuntura nacional e internacional.


Ressalta a radicalização do projeto neoliberal em curso, que busca eliminar limites para a acumulação de capital, destruindo as conquistas da Constituição de 1988. Enfatiza o aumento da desigualdade, comentando os números recentes que comprovam a crescente concentração de renda –e seus efeitos nefastos para o país.
Bastos diz que a desnacionalização em curso não tem paralelo na história do país. “Desde 1930, houve um esforço de construção nacional. O capital estrangeiro não era rejeitado, mas havia condições de associação em função de objetivos nacionais. O governo Dutra, em 1946, não foi a esse ponto. FHC e Collor também não. Eles fizeram reformas neoliberais, mas estavam constrangidos pela Constituição de 88 e havia resistência política muito grande [contra a desnacionalização]. Hoje é muito mais sério, porque o objetivo é eliminar o arranjo legal, constitucional que oferecia um limite para a acumulação de capital”, diz.
Para ele, a economia seguirá enfrentando problemas para reagir: a capacidade ociosa está elevada; o consumo, está achatado pela compressão dos salários e pelo desemprego, não há investimento. “Os empresários [que apoiaram Bolsonaro] vão sofrer na pele; os grandes talvez não”.
Sobre a conjuntura internacional, Bastos avalia haver um “esgotamento de um ciclo longo que começou na década de 1970”. Na entrevista, ele trata do conflito EUA versus China e das eleições norte-americanas no ano que vem. “Pode acontecer que os chineses resolvam atrapalhar a eleição do Trump”, diz.