por Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4
É sempre com prazer que ouço cada novo trabalho de Antonio Adolfo. E com o atual CD, Antonio Adolfo – “Encontros – Orquestra Atlântica” (Rob Digital), não foi diferente, caí dentro com vontade.
Desde sempre admirador de seus trabalhos, e também já tendo ouvido e gostado do primeiro e até aqui único álbum da Orquestra Atlântica, ao saber que os dois estavam juntos meus pelos se arrepiaram.
Hoje, no auge do seu fazer musical, observo Antonio lá no alto de sua sabedoria e intuo que o resultado de seu conhecimento vem se acumulando ao longo de sua carreira. É por sabê-lo assim que eu o reverencio como um músico incomparável.
Um de seus predicados me chama a atenção: a busca pela virtuosidade e pelo som atualizado de grandes instrumentistas. E é a partir de tal atestada competência que ele escolhe com quem dividirá o estúdio. Baseado nessa virtude, convidou a Orquestra Atlântica para gravar consigo.
Como em 2015 (data do lançamento de seu CD), a Atlântica segue integrada por um grande time: Marcelo Martins (sax tenor e flauta), Danilo Sinna (sax alto e flauta), Levi Chaves (saxes barítono e soprano), Jessé Sadoc (trompete e flugelhorn), Gesiel Nascimento (trompete), Aldivas Ayres e Wanderson Cunha (trombone), Marcos Nimrichter (piano e acordeom), Jorge Helder (baixo), Williams Mello (batera) e Dadá Costa (percussão). A Orquestra Atlântica ainda contou com as participações de Zé Renato (vocal), Rafael Barata (batera) e Léo Amoedo (guitarra), além dos arranjos de Jessé Sadoc e Marcelo Martins.
O novo CD de Antonio Adolfo registra a magnitude de seu jazz autoral e de sua visão planetária de música. Quando o DNA jazzístico e brasileiro de seu piano brota da pele, suas sonoridades melódica e harmônica soam sem similares.
É como se ele tivesse seu nome tatuado em todas as teclas do piano e, também, em suas partituras, desde as intros até os acordes finais. Ao impregnar suas músicas de virtuosidade ele reafirma que o seu repertório é exclusivo, intransferível. Quem o conhece é capaz de, ao ouvir uma gravação, exclamar: “É do Antonio Adolfo!”.
Ouvir o álbum é como experimentar o mais perfeito vínculo do prazer com a alegria, em momentos que vão desde a sutil releitura de “Sá Marina” (Antonio Adolfo e Tibério Gaspar), passando pelo suingue de “Partido Samba-Funk” (AA) e indo ao ímpeto suave de “Saudade” (AA), visitando a riqueza rítmica de “África Bahia Brasil” (AA) e de Capoeira Yá” (AA), até desembocar em “Milestones”, de Miles Davis.
Os arranjos, com preciosos desenhos do naipe de sopros somados à exatidão do piano e à energia de baixo, batera e percussão, além de improvisos e solos de cair o queixo, agregam ao CD uma sonoridade ainda mais esperta.
Modernos e contemporâneos, Antonio Adolfo e a Orquestra Atlântica estão um compasso adiante do modismo de mercado. Antonio Adolfo – “Encontros – Orquestra Atlântica” atesta tal afirmação.
PS. É ou não é para me sentir orgulhoso por ser contemporâneo dessa galera?!
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