por Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4
Foi com grande satisfação que recebi o CD Mr. Bossa Nova – Quarteto do Rio & Roberto Menescal (selo Mins), o primeiro do Quarteto do Rio, grupo vocal e instrumental integrado por Leandro Freixo (piano e voz), Fábio Luna (batera, flauta e voz), Neil Teixeira (arranjos, baixo acústico e voz) e Elói Vicente (arranjos, guitarra e voz) – todos ex-integrantes do inesquecível Os Cariocas.
Após a morte do maestro Severino Filho (1928-2016), maestro e arranjador de Os Cariocas, eles foram avisados pela família que não poderiam continuar usando esse nome. Diante da impossibilidade, autonomearam-se Quarteto do Rio.
Bem… vamos lá: Roberto Menescal vestiu a camisa, esteve no estúdio e deu toques de classe e beleza às músicas escolhidas, todas dele com parceiros: solou, fez arranjos e cantou.
A tampa abre com “Ela Quer Sambar” (RM e Paulo Sérgio Valle). O arranjo de Neil Teixeira tem o violão na intro. Vem um uníssono supimpa. Abrem vocal. A guitarra de RM pontifica no intermezzo. Volta o uníssono. Logo é a vez de o vocal retornar. Até que, em uníssono, vem o final.
“Nós e o Mar” (RM e Ronaldo Bôscoli). O arranjo é de Menescal, que se vale de uma das marcas registradas dos arranjos de Severino Filho: ao final de uma frase melódica, na última sílaba do verso, um glissando leva do uníssono ao vocal. Antes do final, ainda rola mais vocal.
“Ah, Se Eu Pudesse” (RM Ronaldo Bôscoli) tem arranjo de Neil Teixeira. Com o piano, a flauta baixo “engorda” a intro. Até que o violão puxa a primeira parte da bossa nova. Composição que exprime, digamos, a essência da filosofia do gênero. A flauta baixo se reapresenta, entrega o lance pro vocal e finalizam.
Em “O Barquinho” e “Você” (ambas de RM e Bôscoli), num bonito arranjo de Eloi Vicente, todo à capella, o Quarteto demonstra que, se a faixa anterior seria a “essência da filosofia” da BN, essas duas são a própria filosofia do gênero que conquistou o Brasil e o mundo, seja vocalizando ou em uníssono (eles têm um belo uníssono). Com um cânone, as vozes conduzem ao final. Meu Deus!
“A Morte de Um Deus de Sol” (RM e Bôscoli) tem arranjo de Neil Teixeira, baixo e batera, esta com um prato “harmônico”. Sim, “harmônico”, pois ele se ajunta a um acorde vocal e tudo soa como se ele, o prato, fosse uma quinta voz. Logo o solo cabe ao baixo, que, com a guitarra, conduz a um vocal esperto. Coisa fina.
“A Volta” (RM e Bôscoli) tem arranjo belo e simples de Eloi Vicente. O vocal é cantado com rara perfeição. O piano improvisa. A guitarra, idem. A batera vai nas vassourinhas. O uníssono soa bem. A dinâmica é assertiva. O baixo tem o seu espaço, e arrasa. Muito bonito!
Com arranjo de Eloi Vicente, a tampa fecha com “Bye, Bye Brasil” (RM e Chico Buarque). A melodia vem em uníssono. A guitarra de Menescal sobrevoa e, lá do alto, observa Leandro, Fábio, Neil e Elói. Ela chora por não ver mais Severino Filho; mas sorri ao sacar que o Quarteto do Rio veio para ficar.
“O rei morreu! Viva o rei!”
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