Cidade natal: Quebrângulo – AL
Cidade onde morreu: São Paulo – SP
Nascimento: 7 janeiro 1927
Morte: 17 janeiro 1976
Causa: morte decorrente de tortura
Um dia depois de ser preso na Metalúrgica Metal Arte, bairro da Mooca, em São Paulo, Manoel Fiel Filho foi encontrado morto em uma cela do DOI-CODI –hoje sabidamente conhecido como fábrica de tortura e morte.
O informe oficial foi o seguinte: “O preso Manoel Fiel Filho suicidou-se no xadrez, utilizando-se de suas meias, que ateou ao pescoço, estrangulando-se”.
Quem acreditou nessa versão? Quase ninguém. Pois no mesmo DOI-CODI havia acontecido, meses antes, o “suicídio” do jornalista Vladimir Herzog (1937-1975).
Nessa ocasião, a grita da sociedade foi total e culminou com a, hoje histórica, Missa Ecumênica na Catedral da Sé.
Mas, mesmo com todas as evidências de que Herzog tinha sido assassinado, a ditadura dissimulava, e o General Ednardo D’ Ávilla Melo, a quem o DOI-CODI respondia, seguia no comando do II Exército.
Testemunhas da prisão disseram que Manoel Fiel Filho, quando levado para o DOI-CODI, usava chinelos sem meias. Parentes verificaram no corpo do operário sinais de ferimentos na testa, pulso e pescoço. Ou seja, sinais de tortura antes do suposto suicídio.
O enfermeiro Geraldo Castro da Silva, também preso no DOI-CODI, relata: “Ouvi gritos do Manoel durante a tortura, abafados por um rádio que foi ligado, até que, a certa altura, cessaram os gritos e o rádio. Um dos homens disse: Chefe, o omelete está feito”.
Qual foi o crime do metalúrgico?
De acordo com documentos oficiais, o crime foi receber mensalmente oito exemplares da “A Voz Operária” –jornal oficial do clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB).
O fato é que a morte do operário Manoel Fiel Filho, sob custódia do Estado, funcionou como a gota d’água num copo cheio de sangue. O general Ednardo D’ Ávilla Melo caiu, preparando o terreno para a queda principal –a da ditadura militar.
O corpo do metalúrgico Manoel Fiel Filho foi enterrado no Cemitério da IV Parada em São Paulo. Deixou a viúva Thereza de Lourdes e duas filhas, Márcia de Fátima e Maria Aparecida. E entrou para a história. (texto de Fernanda Pompeu, arte de Fernando Carvall)
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