Sérgio Rubens de Araújo Torres, um dos grandes nomes da resistência armada à ditadura militar, morreu neste último domingo, cinco de dezembro, em São Paulo. Deixa Júlia, filhos e netos, memórias e saudades em todos que conviveram com ele na luta pela democracia e pela construção de um Brasil livre e soberano.
Trazendo a palavra de Sérgio e fragmentos de sua trajetória contados por ele mesmo, TUTAMÉIA homenageia esse grande brasileiro. São trechos de uma série de entrevistas que fizemos com ele em 2011. Comentando aqueles acontecimentos, participa do programa João Lopes Salgado, que foi dirigente do MR8 com Sérgio no período da ditadura e esteve com ele em várias ações.
Uma delas foi o sequestro do embaixador norte-americano, em 1969, a mais audaciosa e surpreendente iniciativa da resistência armada à ditadura militar. Nas gravações, Sérgio fala sobre sua participação e relembra alguns momentos do sequestro (clique no vídeo para acompanhar a íntegra do programa e se inscreva no TUTAMÉIA TV).
Lembra também os debates políticos no partido –terreno esse enriquecido pelo depoimento de Salgado, que traz informações sobre a mudança de orientação do MR8 estabelecida no encontro que ficou conhecido como Pleno do Chile, em 1972.
Sérgio, que se entregou à luta política desde o movimento estudantil, no colégio Pedro Segundo, no Rio de Janeiro, adorava cinema e era um leitor voraz. Ao TUTAMÉIA, ele conta um pouco sobre suas leituras, especialmente nos períodos em que ficou “entocado”, escondido na clandestinidade, sem poder participar de reuniões e trabalhos do partido.
E relembra momentos dramáticos, tensos, em que ficou da arma na mão esperando a polícia irromper no apartamento onde estava escondido, no Rio de Janeiro, dias depois do sequestro do embaixador. “Naquela hora eu comprovei na prática aquela história de que, quando você está sob forte ameaça de morrer, passam assim flashes de sua vida rapidamente, uma rápida retrospectiva. Isso aconteceu.”
Perguntamos a ele sobre esses rabiscos da memória.
“É uma coisa muito rápida. Eu senti assim: a polícia está toda aí fora… Então você… Vem assim, vêm coisas da infância, vêm coisas lá do sítio do meu avô, entendeu, coisas mais recentes, as passeatas lá de 1968, o meu ingresso no Grupo de Fogo.”
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