“O grande recado da urna no Brasil foi a derrota da extrema-direita”, avalia o ministro Paulo Pimenta, da Secretaria de Comunicação, em entrevista à Globo News. Ele afirma: “Havia 48 candidatos a vereadores e vereadoras que tinham um slogan: eu participei do 8 de janeiro; vários deles concorrendo com o material, com foto e tornozeleira eletrônica. Nenhum se elegeu. O Bolsonaro, ele lançou vários ministros dele na última eleição e todos se elegeram. Nenhum se elegeu agora.”

Para Pimenta, “o governo saiu fortalecido desse processo eleitoral, apesar de não haver – e nunca houve no Brasil – um vínculo entre o resultado das eleições municipais. A pauta é muito local, muito paroquial”. E ainda: “O presidente Lula é o grande timoneiro, sabe como conduzir o Brasil, sabe como deixar o Brasil nos trilhos”.

Disse também:

“O centro é o Lula hoje. O centro político do Brasil é o Lula. O centro se aglutina em todo do Lula e isolou a extrema direita. Esse é o resultado da eleição”, disse.

Pimenta ainda disse que Lula é maior do que o PT e que o governo federal e que não se pode comparar o presidente com Jair Bolsonaro. “Quando olhamos para a conjuntura do país, ninguém pode dizer que o Brasil tem dois extremos, um é Bolsonaro e o outro é o Lula. Lula é conciliador, um democrata que se relaciona de forma republicana com todos os setores da sociedade e que tem respeito às instituições. E pauta seu governo a partir destes valores.”

Principais trechos da entrevista:

“Eu acho que o grande recado da urna no Brasil foi a derrota da extrema-direita. Você vê que nós não vimos ninguém questionando a urna eletrônica, mesmo aqueles que participaram do processo, da tentativa do golpe do 8 de janeiro. Tinham 48 candidatos a vereadores e vereadoras que tinham um slogan: eu participei do 8 de janeiro; vários deles concorrendo com o material, com foto e tornozeleira eletrônica. Nenhum se elegeu. O Bolsonaro, ele lançou vários ministros dele na última eleição e todos se elegeram. Nenhum se elegeu agora.”

“Eu acho que o recado dessa eleição é a afirmação da democracia. E é evidente que o PT, na minha opinião, teve um crescimento importante no número de prefeituras e no número de vereadores e vereadoras. Agora, o partido estava diante de um dilema: somos governo, não somos um partido de oposição. Portanto, é um partido que precisa traçar uma estratégia eleitoral consciente de que é governo.”

“O PT aumentou de 6,9 para 8,9 milhões de votos para prefeitos e prefeitas, correto? Mas nós não tivemos um candidato em Curitiba, em São Paulo, Rio, Salvador, Recife, nem em Belém. É evidente que, se o PT tivesse lançado candidatos em todas essas cidades, a votação nominal do partido seria muito maior que os 8,9 milhões que fizemos. Mas um partido que é governo não pode pensar apenas em uma estratégia de voto nominal do partido.”

“A eleição do Eduardo Paes, a eleição do João Campos, a vitória em Belém – todas essas vitórias, de nomes que não são petistas, são estratégicas e fundamentais para o governo. Eu entendo que, do ponto de vista do nosso projeto, que era afirmar a democracia e fortalecer o governo, o governo sai fortalecido nesse processo.”

“Eu entendo que o governo saiu fortalecido desse processo eleitoral, apesar de não haver – e nunca houve no Brasil – um vínculo entre o resultado das eleições municipais. A pauta é muito local, muito paroquial.”

“Primeiro, 82% de reeleição; isso é uma marca dessa eleição. A segunda: nós tivemos mais de 30%, em alguns lugares quase 40%, de abstenções. Esse é um recado que precisamos ouvir: o desencanto. O Brasil vem de um processo doloroso de desconstituição do tecido social democrático. A experiência do bolsonarismo é trágica para a democracia, incluindo o questionamento das urnas eletrônicas e do processo eleitoral.”

“A gente não fala aqui, mas nós vemos, desde 2016, um processo agudo de desconstituição dos partidos e da política. A gente nem fala mais aqui, mas, alguns anos atrás, estava o Deltan Dallagnol aqui como grande paradigma da moralidade, o Sérgio Moro com a Lava Jato. A gente lembrar da Dilma sendo afastada por um congresso presidido pelo Eduardo Cunha, e é evidente que isso também trouxe uma desconstituição do valor da democracia, dessa importante ferramenta de transformação das instituições, e isso se reflete no desencanto.”

“O que o PT tem que fazer e vai fazer? O PT precisa se atualizar do ponto de vista programático. É um partido que foi pensado para um mundo do trabalho muito diferente do que é hoje. Nós temos que avançar no sentido de abrir diálogo com outros setores. Todo esse tema, por exemplo, do empreendedorismo, das pessoas que escolheram outra forma de viver – que foi pauta bastante dessa eleição em São Paulo e que está na pauta do Acredita – é algo que, para o PT, em um determinado momento, estava fora do nosso programa, um partido que foi constituído com outro tipo de relação com o capital. Então, precisamos atualizar esses setores da sociedade. Precisamos nos enxergar dentro das políticas públicas que representamos, reconectar o nosso discurso e a nossa presença nos territórios, especialmente a juventude da periferia das grandes cidades, que deposita uma enorme esperança no presidente Lula e no nosso projeto. É evidente que temos que ter a humildade de fazer um balanço e ver aquilo que o PT precisa melhorar e vai melhorar.”

“Nós crescemos no número de vereadores e vereadoras, crescemos no número de prefeitos e prefeitas e crescemos consideravelmente a base de apoio do governo do presidente Lula entre os prefeitos e prefeitas eleitos nesta eleição. Enxergamos aquele que é o nosso principal adversário político no país, que é o Bolsonaro e a extrema-direita, serem duramente derrotados. É evidente que, a partir disso, devemos fazer um balanço tranquilo e pensar no que deve ser melhorado e nós vamos fazer isso com muita tranquilidade.”

“O presidente Lula é uma pessoa muito cuidadosa do ponto de vista da maneira como se relaciona com sua equipe. Eu acredito que teremos momentos importantes da política nacional no próximo período, que passam pela eleição da Câmara e do Senado. Eventualmente, algum ajuste que o presidente ache necessário, ele vai fazer no momento que achar adequado, mas não creio que isso tenha algum tipo de relação com o resultado da eleição.”

“O governo é muito maior do que o PT, certo? E o Lula é muito maior do que o PT e muito maior do que o governo. Então, quando olhamos para a conjuntura do país, ninguém pode dizer: ‘não, o Brasil tem um extremista, que é o Bolsonaro, e outro extremista, que é o Lula’. Isso não existe, gente. O Lula é um camarada conciliador, um democrata que se relaciona de forma republicana com todos os setores da sociedade, que tem um profundo respeito pelas instituições e pauta seu governo a partir desses valores e dessa capacidade de fazer política dessa forma, com a relação que tem com o presidente da Câmara, do Senado, do STF, do STJ e assim por diante. Então, o centro é o Lula hoje. O centro político do Brasil é o Lula.”

“O presidente Lula sempre diz: não é hora de inventar mais nada, agora é hora de fazer, ocupar o território, viajar pelo Brasil, fazer as entregas daquilo que o governo está realizando, aprovar essa Reforma Tributária até o final do ano. Isso vai ser fundamental para que possamos reduzir essa taxa de juros, recuperar a capacidade de investimento para manter o crescimento da oferta de emprego, garantir a inflação sob controle, continuar ampliando mercados internacionais, e o governo está no rumo certo. O presidente Lula é o grande timoneiro, sabe como conduzir o Brasil, sabe como deixar o Brasil nos trilhos, já fez isso em outras oportunidades e nós estamos muito confiantes e muito seguros do nosso projeto para 2026.”