“Leonel Brizola foi homem muito corajoso, muito impetuoso. Não se deixou levar por conchavos palacianos. Sempre teve uma fidelidade muito grande ao povo. Defendeu firmemente as suas ideias até o final da vida: contra esse modelo econômico, contra o neoliberalismo, contra a espoliação estrangeira, defesa das estatais, nacionalismo. O legado dele é esse. Muitas dessas propostas do trabalhismo estão nos programas do PT: sustar as privatizações, defender o patrimônio público, fazer investimento em saúde e educação. São bandeiras do antigo trabalhismo reinterpretadas num outro contexto, por um outro partido. Brizola vai ficar. Cem anos depois do seu nascimento estamos discutindo ele. Assim como se discute Getúlio, João Goulart. É uma personalidade que vai permanecer no debate público brasileiro”.
Essa a avaliação do historiador Jorge Ferreira ao TUTAMÉIA, durante programa sobre os cem anos de nascimento do político. Doutor em história social pela USP e professor na Universidade Federal Fluminense e na Universidade Federal de Juiz de Fora, ele é autor de “João Goulart, uma biografia” (Civilização Brasileira, 2011) e organizador (com Américo Freire) de “A Razão Indignada, Leonel Brizola em Dois Tempos” (Civilização Brasileira, 2016).
Nesta entrevista (acompanhe a íntegra no vídeo e se inscreva no TUTAMÉIA TV), Ferreira percorre a trajetória de Brizola e aborda seus diversos embates políticos. Trata da ousada decisão de encampar empresas estrangeiras (quando de seu período como governador do RS), da Campanha da Legalidade, dos projetos desenvolvimentistas postos em prática em seus governos, dos investimentos em educação e segurança pública, do seu envolvimento com a luta armada, da resistência no exterior contra a ditadura e dos embates com a mídia, especialmente com a Globo.
Em quase 60 anos de carreira política, Brizola [1922-2004] fez parte da geração de trabalhistas do Pós Segunda Guerra, tendo Getúlio Vargas como matriz política, conta Ferreira. Ele destaca o pioneirismo de Brizola em questões como direitos humanos e racismo. E lembra: “O nacionalismo era programa das esquerdas”.
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