“Ao perder o apoio incondicional dos comandantes militares e ficar mais dependente do centrão, Bolsonaro entrou numa zona de perigo”. É o que afirma Juliano Medeiros, presidente do PSOL, ao TUTAMÉIA. Para ele, a situação do Bolsonaro é mais delicada do que jamais foi (acompanhe a íntegra no vídeo e se inscreva no TUTAMÉIA TV).
“Vivemos nos últimos dias a manifestação de uma parte do PIB, especialmente dos especuladores dando um sinal: ‘Você, Bolsonaro, está começando a nos atrapalhar os negócios. Você está sem força política para passar as reformas e está criando uma situação de instabilidade exagerada’. Houve manifestações de Rodrigo Pacheco e do Arthur Lira, que foram eleitos com o apoio do Bolsonaro, dizendo que a situação é grave, que é preciso ouvir a ciência. O centrão está dando recado porque daqui a um ano e meio tem eleição. Ninguém quer chegar ao final de 2021 vinculado a um projeto cuja grande marca é o morticínio de brasileiras e brasileiros”, diz.
Mestre em história e doutor em ciências políticas pela Universidade de Brasília, Medeiros declara:
“Se Bolsonaro continuar a toada que está hoje, contra as medidas de isolamento, sem conseguir resolver o problema da economia, sem conseguir avançar as reformas que o mercado exige, para que que serve o Bolsonaro? Para que serve um governo que não consegue pacificar o país, gera crise o tempo todo? O mercado quer o país um pouco mais pacificado porque quer que os negócios fluam, andem”.
Por isso, a zona de perigo para Bolsonaro, com o crescimento da possibilidade de impeachment. “Essa possibilidade entrou com mais força nas contas no mercado, dos militares e do centrão”, diz.
Nesta entrevista, Medeiros fala de questões para a formação de frenes anti-Bolsonaro, dos movimentos da oposição e avalia: “A gente é maioria na sociedade brasileira e tem condições de barrar a agenda bolsonarista”.
No entanto alerta: “O polo de extrema direita que o Bolsonaro lidera não é um fenômeno passageiro. Ele organizou um sentimento que já existia na sociedade brasileira e formou um polo político. Bolsonaro vai passar, mas o bolsonarismo é um fenômeno que vai ser mais duradouro. Depois que passar o bolsonarismo, vai ter outra coisa no lugar. Porque os sentimentos de extrema direita que existiam, que estavam distribuídos, soltos e que se organizaram num polo. Esse polo tem 10%, 15% da sociedade brasileira. E daí não vai baixar”.
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