Por AQUILES RIQUE REIS, vocalista do MPB4

É com um sentimento de orgulho e amor pelo samba que inicio este comentário. Refiro-me ao partido alto, gênero tão representativo da cultura musical popular brasileira. Mais precisamente, uma alusão ao álbum Partido Alto – Douglas Batuqueiro Germano e sua Gente (independente, com apoio ProAc/SP).

Notem que o título do trabalho embaralha (propositalmente, claro!) o nome do compositor Douglas Germano com o nome do grupo Batuqueiros e sua Gente – um coletivo que faz do samba de partido alto o protagonista de um disco… do cacete!

Por justiça, nomeio todos os integrantes do Batuqueiros e sua Gente – eles são coisa nossa, como certamente Noel Rosa os qualificaria.

Tocando repique de anel, surdo, pandeiro, congas, caixa, cuíca, violões de 6 e 7 cordas, cavaquinho paraguaçu, cavaquinho com afinação de bandolim, trombones e bandolim, eles vêm desde a Grande São Paulo: Sidnei Souza de Osasco (Morro do Quintaúna), Alfredo Castro (Guarulhos) e Marcelo Martins (São Caetano do Sul); da Zona Norte: Raphael e Pedro Moreira (Barra Funda) e Geraldo Adriano Campos (Santana), além da produtora Julia Engler, que também faz parte do coletivo, e vem da Vila Nova Cachoeirinha; da Leste: Junior Pita (Vila Matilde), Allan Abbadia (Itaim Paulista), Marcelinho Monserrat (Artur Alvim) e Tiganá Macedo (Guaianazes); do Centro e Zona Oeste temos Gian Correa (Bela Vista) e Henrique Araújo (Pompeia); e, por fim, do interior, Rafael Toledo (Avaré), Beto Amaral (Campinas), Vitor Casagrande e Xeina Barros (Piracicaba).

Já Douglas Germano é compositor de responsa. Seus sambas, com sabor de clássicos compostos em tom menor, têm versos com a picardia dos velhos e bons versejadores.

Outra bela surpresa foi receber o álbum no formato de LP. Ouvi-lo nessa edição melhor revelou nuances dos Batuqueiros e dos sambas. Ao revelar a sonoridade da rapaziada, vinda do canto em uníssono, o LP encorpa a alegria contagiante das dez composições de Douglas Germano gravadas no álbum – duas em parceria com Milton Conceição e uma com Roberto Dídio.

A destacar, temos “Chegou a Hora do Pau Quebrar” (Douglas Germano), que abre a tampa e traz Vitor Casagrande no violão tenor; “Partido da Feira” (DG e Roberto Dídio), “Capitão do Mato” (DG) e “Onde Tu Pensa que Vai?” (DG), que tem participação marcante da cantora Xeina Barros; e por fim “Jaci e Maré Cheia” (DG e Milton Conceição), que fecha a festança do samba brasileiro.

E num suingue rítmico avassalador, esmerado pelos arranjos de Pedro Moreira, Rapha Moreira, Allan Abbadia, Vitor Casagrande, Henrique Araújo, Alfredo Castro e Gian Correa, os improvisos vêm em notável sucessão. E o coro come! Eita que coisa boa, meu Deus do céu!

 

Ficha técnica: técnicos de gravação: Ricardo Cassis e Genival (Lora); direção musical: Henrique Araújo; mixagem e masterização: Gian Correa; arte: Douglas Germano; produção executiva: Lu Lopes; produção geral e imagens: Júlia Engler; imagem da capa: Oladimeji Odunsi – em Unsplash.