Por AQUILES RIQUE REIS, vocalista do MPB4

Hoje trataremos do EP Ar, da Barbara Rodrix, lançamento do selo Pequeno Improviso, cuja capa traz apenas uma bela foto de Barbara, trabalho de uma cantora e compositora em fase luminar. Sua voz, desde sempre delicada e afinada, explode em pleno voo, alçado por ares ainda a serem descobertos pelo seu público.

Muito bem gravado, minuciosamente mixado e masterizado, o resultado é o que se pode chamar de “sonzão”. Engenharia que arrebatou a pujança da voz de Barbara, do som do violão de seis e do violão tenor, bem como do sopro do trompete.

Radicada em Portugal, Barbara fez uma temporada de shows no Brasil, em 2024, que antecedeu um single e o posterior lançamento das seis faixas inéditas de Ar, já disponíveis nas plataformas.

E foi assim, no breve tempo de uma semicolcheia vibrando em minha alma, que conheci Ar. A ele.

“Silêncio”: a voz vem e o violão a ampara. A capacidade interpretativa de Barbara ampliou a jovialidade que já me encantara desde que a ouvi, tempos atrás, mas precisamente em 2016, quando lançou Eu Mesma, seu primeiro álbum. Quase sussurrando a melodia, os versos brotam no terreno fértil da vida onde hoje habita a voz amadurecida e inconfundível de Barbara Rodrix.

“Santuário”: versos profundos saem da garganta de uma cantora que ao se mostrar tão pop e tão profunda, se expõe. O arranjo tem pegada atiçada por acordes que se repetem nos violões. E a poesia balança o peito do ouvinte.

“Ser”: inicia arritmo, com a voz de Barbara marcando o tempo junto com acordes do violão e o improviso do trompete que, ao final, dobra o desenho com som bestial.

“Não Quero Muito Mais”: trompete e o tenor soam com a voz, no momento em que Barbara toca o seu objetivo de mostrar o que vem à mente da mulher sem barreiras, muito menos parti pris, assim como era o seu pai, o insubstituível Zé Rodrix.

Em “Ar”, faixa título do EP, Barbara segue seu fluxo rumo ao futuro e respira, transforma e cria. Sua voz se destaca em verdades sentidas, profundas. Já o trompete e o violão tenor se destacam pelo ardor com que vêm à cena.

“Medo”: “Todo esse medo que eu carrego aqui no peito/ Do desconhecido, da morte e da solidão/ Todo esse medo que é tão meu e que eu conheço tão bem/ Me acompanha aonde vai meu coração (…)”. Valendo-se do trompete como clarim, Barbara Rodrix joga seus demônios no ar e assume compromisso com a vida e a música.

Ora, seus medos bem poderiam ficar retidos, não fosse ela uma mulher incendiária e libertadora – enfim, uma grande artista!

 

Nossos protetores nunca desistem de nós.

 

Ficha técnica: composição, voz e violão em todas as faixas: Barbara Rodrix; trompete: Diogo Duque; produção musical e violão tenor: Raul Misturada; mixagem e masterização: Tó Brandileone; foto da capa: Lorena Dini; comunicação e design/arte final da capa: Pamela Prudente; A&R Pequeno Imprevisto: Otávio Carvalho; imprensa: Stella Sanches.

 

Ouvir o álbum:

https://open.spotify.com/intl-pt/album/2wjYe0dUGT0tVD8NbgNNzi?si=XYqfcq2DSWK_cDL383Ke_g