Por AQUILES RIQUE REIS, vocalista do MPB4

Hoje vamos de Refração, segundo álbum independente do coletivo Samba do Congo, integrado por compositores da periferia de São Paulo.

Para contextualizar a ideologia musical e cultural do coletivo, compartilho aqui algumas informações a respeito. Frente de Resistência Samba do Congo – Arte, Cultura e Raiz foi criada em abril de 2011, no bairro da Morro Grande, distrito da Brasilândia, na capital paulista. Com o objetivo de difundir, valorizar e incentivar a arte por meio da música, o Samba do Congo privilegia a raiz do samba paulistano e a cultura afro-brasileira. Tendo como referência sua luta ancestral, promove a inserção social e cultural por meio da história desse gênero genuinamente brasileiro. O coletivo Samba do Congo já obteve reconhecimento do Estado de São Paulo como importante movimento de incentivo, manutenção e pesquisa da cultura e da arte.

Refração traz dezenove composições, divididas em quinze faixas autorais, com obras de novos compositores da cena paulistana e composições da velha guarda do samba da cidade.

A descarga emocional que rola logo no início do álbum com dois sambas exaltação em tom menor – “Refração” (Nado Vila Maria, Fernando Ripol e Gordo Ferreira) e “Hino do Samba do Congo” (Wagner Loitero e Fernando Ripol) – explode diante do ouvinte, causando um impacto que origina verdadeira catarse. A pulsação da bateria apronta um momento de emoção indescritível. As melodias puxadas pelo coro são dignas de serem listadas entre as mais belas que já ouvi. As harmonias revelam músicos que entendem do riscado e que compõem como bambas que são.

Seguem sambas cadenciados, com letras bem compostas e melodias em tom menor, como aqueles que antigamente costumava-se dizer que eram de “meio de ano”. Por exemplo? “Borboleta e a Flor”, composição de Elisbão do Cavaco, Tadeu da Mazzei e Fabinho NT, integrantes da Velha Guarda, e “Dama Primeira”, de Gustavo Bueno, Gabriel Enam e Fernando Ripol, da nova geração. Além de “Teatro da Vida” (Professor Délcio). Repertório digno do samba de São Paulo.

 

Nossos protetores nunca desistem de nós.

 

Sugestão: Além de ouvirem o álbum durante o Carnaval, também sugiro aos foliões uma passada esperta no Cordão Carnavalesco do Congo, que percorre as ruas do bairro do Morro Grande. Evoé!

 

Ficha técnica:

São onze arranjos de Fernando Ripol, sete de Fábio Mandika e um de Luan Charles, gravados e mixados entre junho e agosto de 2024 no Estúdio Casa da Lua – SP. Direção e produção musical: Fernando Ripol; repertório: Fernando Ripol e Alexandre Mandinho; produção executiva: Lu Poesia e Fernando Ripol; assistência de produção: Ligia Fernandes; gravação: Gabriel Spazziani e Gabriel Leite; mixagem: Gabriel Spazziani; masterização: Maurício Gargel (Audio Mastering); fotos e projeto gráfico: Walter Antunes; realização: Frente de Resistência Samba do Congo – Arte, Cultura e Raiz.

 

Ouça o álbum:

https://open.spotify.com/intl-pt/album/29vFG9Vm3Lo7bqQqWZ2NiQ?si=mw4HSxxbRBm6_fR14O5PWQ