Por AQUILES RIQUE REIS, vocalista do MPB4

Emocionadamente, hoje vamos de Coisas Guardadas Pra Te Dar – Luiz Carlos da Vila Inédito – Cláudio Jorge e Augusto Martins (independente). Eis algumas das 12 músicas do álbum.

“Outras Bandas” (Luiz Carlos da Vila), samba com letra malandrinha, cantado e levado pelo violão de Claudio Jorge com um improviso esperto, abre a tampa. Tocando violão e dando um recado bem-humorado, Da Vila enviou a música numa fita para Augusto. Dela foram sacados o seu violão e a sua voz, manipulados com ajuda da inteligência artificial.

Em meio a samba-enredo e partido alto, passando por samba de quadra, pelos chamados sambas de “meio de ano” e MPB, bem como por alguns sambas clássicos, encontramos “No Meio da Ponte” (Celso Viáfora e LCV), uma linda canção. A guitarra de Cláudio, ele que fez todos os arranjos do CD, conduz a harmonia de Viáfora. A letra de Da Vila traz belas imagens, cantadas em duo por Augusto e Cláudio. O tamborim de Cláudio e o ganzá de Augusto somam-se à guitarra e, na segunda parte, se dão a um samba lento. Belo momento!

“Pipa Voada” (Moacyr Luz e Luiz Carlos da Vila) traz o subúrbio à luz. As pipas que no céu de cruzam e se afastam, numa alegoria sobre um amor acabado, estão neste samba com o jeitão carioca de Moacyr Luz. O violão e o tamborim de Cláudio vêm somados ao pandeiro de Augusto e sob os auspícios das vozes da dupla.

O samba jazz “A Regra do Jogo” (Miltinho–MPB4, Sergio Farias e Luiz Carlos da Vila) soa pela voz e, desta vez, pela guitarra de Cláudio Jorge. A boa letra de LCV se encaixa sob medida na composição. Complementam a levada o pandeiro e o caxixi de Augusto Martins e o tamborim de Cláudio – além da gaita de Israel Meirelles, cuja escolha como solista fez dela a cereja do bolo do arranjo de Cláudio.

“Eu Vim Pra Te Amar” (Cláudio Jorge e Luiz Carlos da Vila) é uma valsa (a criatividade dupla não tem limitações) na qual Cláudio Jorge produziu a cama para Da Vila “viajar” em referências poéticas. O violão abre. Em sua beleza, a valsa ecoa luminosa, num álbum já pleno de riquezas guardadas há tempos pelo gigante Luiz Carlos das Vilas – saudades! Mas porquê “Das Vilas”? Explico: morador de Vila Isabel, LCV passou a visitar a Vila Mariana, em São Paulo, onde eu morava; lá nos reencontramos e “bebemoramos”, daí…

“Pagode de Mesa” (Luiz Carlos da Vila): depois de palmas de mão, vêm os improvisos citando fatos históricos. Ora, já que logo a tampa do álbum fechará, faço questão de frisar que o texto do jornalista Hugo Sukman (ele que, além de gravar a locução deste pagode, descreveu todas as faixas de Coisas Guardadas Pra Te Dar – Luiz Carlos da Vila Inédito – Cláudio Jorge e Augusto Martins) serviu-me de base para anotar este texto-exaltação ao samba e aos sambistas brasileiros, na pessoa do saudoso Luiz Carlos da(s) Vila(s).

 

Nossos protetores nunca desistem de nós.

 

  1. Quando crescer, eu quero escrever ao menos parecido com Hugo Sukman.

 

Ouçam o álbum:

 

https://open.spotify.com/intl-pt/album/3EWnvWKMEWHZqtve9lNPSQ