Por AQUILES RIQUE REIS, vocalista do MPB4
Grande Zé, como vai você, meu amigo? Ô início besta, pra que perguntar se eu sei que você está bem à beça, né? De novo: Oi, Zé, escrevo para exprimir carinho e entusiasmo pelo que você é e faz. Melhor, né?
Zé, eu soube pelo Miltinho, meu amigo/irmão do MPB4 (e também, bem sei, há tempos um grande amigo seu), que você havia dado um tempo nos álbuns de projeto, como os que lançou recentemente, e que escolhera um repertório de canções bem conhecidas de autores brasileiros e estrangeiros para gravar o seu 18º álbum solo – e até citou duas dessas músicas.
Confesso que fiquei curioso às pampas ao saber do babado – vai rolar coisa boa aí nessa parada, pensei. A ansiedade se foi quando recebi o Quando A Noite Vem, enviado pela Belinha Almendra, da Biscoito Fino.
Foi com alegria que ouvi músicas belíssimas, românticas e entranhadas em nossas memórias. Você se entregou por inteiro, véio. E fortificou sua credibilidade como um grande cantor romântico.
Você está cantando pra chuchu, mano! Seus agudos fluem ainda mais naturalmente afinados e precisos do que sempre. E assim você se faz ouvir de uma maneira que já se antevia que rolaria um dia. E rolou, véio! Você dá sua voz às pessoas que precisam ser acarinhadas por quem sabe como ninguém chegar ao coração delas.
“I Can’t Stop Loving You” (Don Gibson), sucesso na voz de Ray Charles, com a qual você abre o CD, tem no seu arranjo o órgão Hammond da Vanessa Rodrigues a acalentar o seu violão, o piano do Cristovão Bastos e o baixo acústico do Jorge Helder – Mr. Charles Robinson ficaria amarradão ao ouvi-lo, Zé, juro!
Adorei “Suave É a Noite”, versão de Nazareno de Brito para “Tender is the Night” (Sammy Fain e Francis Webster). O arranjo e o cello do Jaquinho Morelenbaun, mais baixo elétrico (JH), piano (CB) e a flauta de Carlos Malta, trazem à tona um mundo em que quando a noite vem não tem pra ninguém, é amor na veia. O romantismo salta de sua garganta e aperta a nossa. Meu Deus!
Lindo lembrar de “Nature Boy” (Eden Ahbez), que na versão do Caetano Veloso virou “Encantado”. Ô melodia bonita! A guitarra portuguesa do Bernardo Couto é o diferencial do seu arranjo, Zé!
Parece até que Armando Manzanero compôs “Esta Tarde Vi Llover” pra você cantar, Zé. Trazidas pelo arranjo do Dori Caymmi, as cordas da St. Petersburg Orchestra soam para nos matar de saudade. Você destrói o coração da gente cantando daquele jeito, sujeito!
Putz! Que surpresa foi ouvi-lo interpretar “Arriverderci, Roma” (Giovanni, Garinei e Ranucci). Com o piano e o arranjo para sopros do Cristovão, sax alto (Ricardo Pontes), flauta (Dirceu Leite), clarinete (Rui Alvim) e flugelhorn (Aquiles Moraes), mais baixo (JH) e batera (MC), você, Zé, inequivocamente, se tornou o grande cantor romântico do Brasil!
E você se deliciando por certamente notar e confirmar que o amor das pessoas que lhes são próximas nunca esteve tão presente em sua vida. Aproveite bem, meu amigo!
E por favor, grande Zé Renato, receba o meu fraternal abraço.
Abraço.
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