Por: AQUILES RIQUE REIS, vocalista do MPB4
Ouvindo Linha de Chegada (independente), CD de Zé Marcos gravado com repertório só dele e com parceiros, que conta com arranjos e composições em diferentes estilos, senti o samba como a presença mais marcante. De pronto, sente-se a disposição de Zé Marcos de se fazer conhecer por suas canções e pela garra com que canta e toca violão, realçando a disposição de criar belezas e levá-las a público com entusiasmo, força e vigor.
O CD me emocionou. Por tudo. E mais ainda pelo verso “Apesar de tudo insisto e não perco a esperança”, da letra de “Linha de Chegada”, que me fez lembrar o já saudoso poeta amazonense Thiago de Mello: “Faz escuro, mas eu canto”. Estas cinco palavras revelam o sentimento dos principiantes que sentem as trevas que os cobrem, mas cantam enquanto tiverem força para tal. Daí seu canto soar como um grito que lhes vem do fundo d’alma.
Antes de seguir, peço-lhes licença para interromper o movimento deste texto, pois senti necessidade de citar a tudo e a todos que entregaram a Zé Marcos o melhor de seus ofícios. Ei-los:
Ficha técnica: Marcia Mah: produção executiva, gravado no Aquarela Studios – Sorocaba – SP; Maurício Nogueira e Renato Pontes Corrêa – mixagem e masterização; Álvaro Mestre, fotografia; Luiz Anthony, arranjos em todas as músicas e bandolim; Zé Marcos, autor, violão e voz em todas as faixas e cavaco; arranjos de percussão; Beto Corrêa, piano, teclados, piano Rhodes e sanfona; Marcelo Cândido, violão sete cordas e cavaco; Felipe Brizola, contrabaixos acústico e elétrico; Barba Marques, percussão; Rodrigo Marinônio, batera; Do de Carvalho, flauta, saxes soprano, alto e tenor; Rafael Sampaio, trompete e Fluguelhorn; Arthur da Silva Rita, trombone; Dani Domingos, Márcia Mah, Luiz Anthony, Mauricio Nogueira e Roberto Elias, vocais.
Participações especiais: Fábio Gouvea, violão de sete cordas; Conrado Paulino, guitarra; Jotagê Alves, clarone e Clarinete; Luiz Anthony, bandolim…
Por falar de Luiz Anthony, além de tocar bandolim, ele escreveu todos os arranjos, leu e traduziu os acordes e os transportou para uma orquestra dinâmica de sopros, cordas, percussão e cozinha. O resultado foi uma energética pulsação, daquelas de prender a respiração de quem ouve a sequência de músicas em vigor crescente.
“Samba pra Gabi” (Zé Marcos) é um samba instrumental apresentado na forma dos choros tradicionais, com três partes. O arranjo remete às aberturas orquestrais, quando o maestro apresenta ao público quase tudo do arranjo. Pleno de levadas, modulações e dinâmicas, tá ali um exemplo de criatividade.
“Linha de Chegada” (Zé Marcos) tem no clarone, em destaque no naipe dos metais, a força que remete às gafieiras – um samba rasgado e forte. Mas que som tem o clarone, hein: meu Deus!!
Linha de Chegada é um álbum elegantemente popular, pronto para ser ouvido… Sugiro que tenham o CD de Zé Marcos à mão, ouçam-no! E cantar, sempre e apesar das escuridões negacionistas.
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