por Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4
Eu poderia começar este comentário dizendo que Ricardo Vilas foi um guerreiro na luta pela redemocratização do Brasil; poderia dizer que ele, como tantos, caiu nas mãos da repressão da ditadura militar; poderia, também, lembrar que ele foi preso e condenado por um tribunal militar por suas atividades políticas; ou, então, dizer que ele estava entre os quinze presos libertados graças ao sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick em 1969.
Poderia dizer que Vilas viveu dez anos no exílio – inicialmente no México, depois na França, onde formou dupla com Teca Calazans, sua parceira de música e de vida; poderia também informar que “Teca & Ricardo” fizeram sucesso com discos e shows pela França e em outros países europeus até a volta ao Brasil, com a anistia, em 1979.
Poderia dizer isso e muito mais sobre Ricardo Vilas. Mas perdoem-me, pois não direi nem isso nem aquilo, direi apenas que ele é “de vocal”, um amante do cantar junto. E que integrou, junto com Zé Rodrix, Mauricio Maestro e David Tygel, o grupo vocal Momento Quatro, onde fazia a primeira voz, conjunto que estava ao lado de Edu Lobo e Marilia Medalha cantando “Ponteio” (Edu Lobo e Capinan), vencedora do 3º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record em 1967.
E sigo abrindo o jogo: Ricardo Vilas acaba de lançar Canto de Liberdade (Conexão África Produções –www.conexaoafrica.com), seu 27º álbum.
Com arranjos impregnados de brasilidade, Vilas emociona cantando quatro composições só suas, cinco com parceiros e cinco clássicos superconhecidos da MPB.
“Apesar de Você” (Chico Buarque) inicia com uma levada maneira, que logo se achega ao samba. Mais para o final, o arranjo traz de volta a pulsação inicial, para só então finalizar com um breve cânone. Bonita abertura!
“Ponteio” não podia faltar. Uma violada vale como intro. Essa música é outra que atrai recordações de um tempo em que, apesar de tudo, e até por isso, Vila era jovem e politizado.
“Canto de Liberdade” (RV e Marquinhos de Oswaldo Cruz) tem os autores vibrando no bom samba. A carioquice do samba de Vilas se mostra por inteiro.
“Marcha da Quarta-Feira de Cinzas” (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes) tem a participação de Nilze Carvalho. A marcha-rancho exala força, trazendo boas e más lembranças. Mas tudo fica ainda mais belo quando Ricardo e Nilze cantam juntos.
A composição própria “Anjos (Para Sonia e Stuart)” é emocionante. Seus versos poéticos relembram o assassinato dos dois jovens militantes na luta armada: “(…) Sonia amava Stuart/ Stuart amava Sonia/ Aquela noite de amor foi a última/ A única noite de adeus (…)”. Vilas canta como se da garganta brotassem lágrimas. Sobre acordes vocalizados, com arranjo de Mauricio Maestro, Vilas recita, repetidamente, “Anjos/ Anjos…”. Comovente!
“Aquele Abraço” (Gilberto Gil) fecha a festa. Nela, Ricardo Vilas reviu seus 50 anos de música num CD admirável, no qual persevera cantando a esperança de um Brasil mais justo e democrático.
Poderia dizer que Vilas viveu dez anos no exílio – inicialmente no México, depois na França, onde formou dupla com Teca Calazans, sua parceira de música e de vida; poderia também informar que “Teca & Ricardo” fizeram sucesso com discos e shows pela França e em outros países europeus até a volta ao Brasil, com a anistia, em 1979.
Poderia dizer isso e muito mais sobre Ricardo Vilas. Mas perdoem-me, pois não direi nem isso nem aquilo, direi apenas que ele é “de vocal”, um amante do cantar junto. E que integrou, junto com Zé Rodrix, Mauricio Maestro e David Tygel, o grupo vocal Momento Quatro, onde fazia a primeira voz, conjunto que estava ao lado de Edu Lobo e Marilia Medalha cantando “Ponteio” (Edu Lobo e Capinan), vencedora do 3º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record em 1967.
E sigo abrindo o jogo: Ricardo Vilas acaba de lançar Canto de Liberdade (Conexão África Produções –www.conexaoafrica.com), seu 27º álbum.
Com arranjos impregnados de brasilidade, Vilas emociona cantando quatro composições só suas, cinco com parceiros e cinco clássicos superconhecidos da MPB.
“Apesar de Você” (Chico Buarque) inicia com uma levada maneira, que logo se achega ao samba. Mais para o final, o arranjo traz de volta a pulsação inicial, para só então finalizar com um breve cânone. Bonita abertura!
“Ponteio” não podia faltar. Uma violada vale como intro. Essa música é outra que atrai recordações de um tempo em que, apesar de tudo, e até por isso, Vila era jovem e politizado.
“Canto de Liberdade” (RV e Marquinhos de Oswaldo Cruz) tem os autores vibrando no bom samba. A carioquice do samba de Vilas se mostra por inteiro.
“Marcha da Quarta-Feira de Cinzas” (Carlos Lyra e Vinícius de Moraes) tem a participação de Nilze Carvalho. A marcha-rancho exala força, trazendo boas e más lembranças. Mas tudo fica ainda mais belo quando Ricardo e Nilze cantam juntos.
A composição própria “Anjos (Para Sonia e Stuart)” é emocionante. Seus versos poéticos relembram o assassinato dos dois jovens militantes na luta armada: “(…) Sonia amava Stuart/ Stuart amava Sonia/ Aquela noite de amor foi a última/ A única noite de adeus (…)”. Vilas canta como se da garganta brotassem lágrimas. Sobre acordes vocalizados, com arranjo de Mauricio Maestro, Vilas recita, repetidamente, “Anjos/ Anjos…”. Comovente!
“Aquele Abraço” (Gilberto Gil) fecha a festa. Nela, Ricardo Vilas reviu seus 50 anos de música num CD admirável, no qual persevera cantando a esperança de um Brasil mais justo e democrático.
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