Dirigente nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, João Pedro Stédile estava à frente da marcha campesina que, na manhã do dia 22 de janeiro último, entrou em Porto Alegre para participar das manifestações em defesa da democracia e em defesa do direito de Lula ser candidato à presidência da República.

Marcha campesina chega a Porto Alegre na manhã do dia 22 de janeiro – foto Rodolfo Lucena

Conversei com ele quando a passeata, chegando à capital gaúcha pela avenida da Legalidade (foto abaixo), começava a tomar o rumo do centro da cidade. Numa breve entrevista, que você pode assistir na íntegra no vídeo publicado nesta página, Stédile resumiu a situação do Brasil:

“O que acontece é que a burguesia deu um golpe. Tirou a Dilma sem que ele tivesse cometido nenhum problema, porque precisava ter o controle de todos os poderes para jogar todo o peso da crise econômica em cima da classe trabalhadora.”

Os dois anos em que estão no governo, porém, não foram suficientes, na avaliação de João Pedro: “Eles precisam de mais quatro anos para completar esse serviço sujo de entregar nossas riquezas para os americanos, entregar nossa água, entregar o petróleo, entregar a mineração. Até a água eles querem entregar para os estrangeiros”.

Nesse processo, os golpistas não foram capazes de formar alguém para convencer o povo, na opinião do líder dos sem terra. “Diante dessa situação, eles têm de ter uma eleição em que a classe trabalhadora não tenha candidato, em que só eles disputem entre eles.”

É por isso que querem, na opinião de Stédile, tirar Lula do pleito. O que os movimentos populares e os trabalhadores não vão aceitar, adverte ele:
“Nós continuamos na rua. A saída para a crise brasileira é a democracia, as urnas. É a reeleição do presidente Lula.”